O último boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela uma tendência de alta nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por covid-19 em estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Esta análise contrasta com a tendência de queda observada no Centro-Sul do país.
Os dados analisados abrangem a semana de 21 a 27 de janeiro, juntamente com as seis semanas anteriores, até 29 de janeiro, compilados no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).
A síndrome respiratória aguda grave é caracterizada por sintomas respiratórios mais intensos durante as infecções e serve como um indicador-chave para monitorar a incidência de vírus e bactérias que afetam o sistema respiratório, incluindo o SARS-CoV-2 e o Influenza.
Aumento tardio na região Norte
Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, observou que o Norte foi afetado pelo aumento de casos de covid-19 mais tardiamente, em comparação com o Centro-Sul do país. “O aumento começou pelo Centro-Sul e afetou o Nordeste no final do ano passado, chegando ao Norte apenas agora na virada do ano”, explicou Gomes.
De acordo com o boletim, foi registrado um crescimento da SRAG por covid-19 em estados como Amapá, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Tocantins. Em Alagoas e Rio Grande do Norte, por outro lado, houve uma interrupção na tendência de crescimento.
Impacto em crianças e idosos
A Fiocruz observou que, nas últimas oito semanas, a incidência e a mortalidade por covid-19 continuam impactando mais as crianças até 2 anos e a população com 65 anos ou mais.
“Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos de idade, em termos de mortalidade temos o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada”, ressaltou Gomes.
Até o momento deste relatório, foram registrados 4.240 casos de síndrome respiratória aguda grave este ano, sendo 35% causados por algum vírus respiratório. Dentre esses casos virais, dois terços foram resultado de infecções pelo SARS-CoV-2.