Taxa das Blusinhas não gera emprego, onera pobres e reduz arrecadação de estados, diz estudo da LCA

Taxa das Blusinhas não gera emprego, onera pobres e reduz arrecadação de estados, diz estudo da LCA

Análise da LCA Consultores contesta os pilares de defesa da nova taxação de 20% sobre importações de baixo valor, indicando que a medida falha em estimular o emprego nacional, impacta desproporcionalmente a baixa renda e pode, paradoxalmente, diminuir a arrecadação de ICMS nos estados.

12.01.2023 – Presidente Lula em reunião com Ministro da Casa Civil, Rui Costa, Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Presidenta da Caixa, Rita Serrano. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Um novo estudo da LCA Consultores coloca em xeque a eficácia e a justiça da nova regra que impõe 20% de Imposto de Importação sobre compras internacionais de até US$ 50, a chamada “Taxa das Blusinhas”. O levantamento técnico contraria os principais argumentos usados por setores da indústria nacional e do governo para justificar a medida.

As conclusões do estudo apontam para três efeitos negativos principais:

1. Falha na Geração de Empregos

O principal argumento para a taxação era proteger a indústria nacional e, consequentemente, gerar empregos no setor têxtil. A LCA, no entanto, projeta que o efeito sobre o emprego será insignificante. Isso ocorre porque o perfil dos produtos importados (que têm preços muito mais baixos) não compete diretamente com a produção brasileira em grande escala.

A taxação deve apenas elevar o custo final para o consumidor, sem impulsionar a criação de vagas em um setor que exige investimentos complexos e de longo prazo.

2. Oneração Regressiva

O estudo classifica a medida como regressiva, pois o impacto da taxação recai principalmente sobre a população de menor renda.

Esses consumidores, que já possuem poder de compra limitado, são os que mais se beneficiam das plataformas internacionais para adquirir itens essenciais e de vestuário a preços acessíveis. Ao aumentar em 20% o custo desses produtos, o governo penaliza justamente quem depende da importação para equilibrar o orçamento doméstico.

3. Redução da Arrecadação Estadual

Outro ponto levantado é o impacto na arrecadação dos estados. O estudo prevê que a taxação levará a uma queda no volume de compras importadas. Consequentemente, a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que incide sobre o valor da mercadoria (incluindo o imposto federal), pode ser reduzida.

Ao diminuir o volume total de vendas internacionais, os estados podem ver uma perda de receita, contrariando a expectativa inicial de aumento de arrecadação total com a medida.

O estudo da LCA Consultores reforça a divisão de opiniões no Congresso e no mercado, adicionando dados concretos ao debate sobre o futuro da política de tributação de importações no Brasil.

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