Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, chegaram a um acordo nesta terça-feira (18) para uma trégua limitada de 30 dias na guerra da Ucrânia, restrita a ataques contra infraestrutura de energia e instalações relacionadas. A decisão foi anunciada após uma ligação telefônica de duas horas e meia entre os líderes, conforme comunicado do Kremlin e da Casa Branca, marcando o primeiro entendimento mútuo entre as partes desde o início do conflito em larga escala, em fevereiro de 2022.
O pacto, mediado pelo enviado especial de Trump, Steve Witkoff, que esteve em Moscou na semana passada, prevê que Rússia e Ucrânia suspendam bombardeios a alvos energéticos pelos próximos 30 dias. Putin ordenou ao Exército russo que cesse tais ataques, enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou apoio à iniciativa, desde que os termos sejam claros e recíprocos. “Podemos concordar em não atacar infraestrutura de energia, mas precisamos saber os detalhes”, disse Zelensky em entrevista à emissora Suspilne.

A trégua, no entanto, não abrange um cessar-fogo total, como proposto inicialmente pelos EUA e aceito pela Ucrânia em negociações em Jeddah, na Arábia Saudita, na semana anterior. Putin rejeitou a ideia de uma pausa ampla de 30 dias em todas as hostilidades, argumentando que isso poderia permitir à Ucrânia se rearmar e mobilizar mais tropas. “Quem vai garantir que esses 30 dias não sejam usados para fortalecer Kyiv?”, questionou o líder russo, segundo o Kremlin, que também exigiu o fim da ajuda militar ocidental como condição para uma paz duradoura — demanda rejeitada por Kiev e seus aliados.
Trump celebrou o acordo em sua rede Truth Social, chamando-o de “muito bom e produtivo” e um passo rumo ao “fim dessa guerra horrível”. “Acertamos um cessar-fogo imediato em energia e infraestrutura, e vamos trabalhar rápido para um cessar-fogo completo”, escreveu. A Casa Branca anunciou que negociações adicionais começarão “imediatamente” no Oriente Médio, em Jeddah, no domingo (23), para discutir um cessar-fogo marítimo no Mar Negro e uma possível paz permanente.
O acordo surge em um momento crítico, com a Rússia avançando no leste da Ucrânia e tentando expulsar tropas ucranianas da região de Kursk, invadida por Kyiv em agosto de 2024. Apesar do otimismo americano, Zelensky expressou cautela, acusando Putin de buscar apenas ganhos táticos. “Eles não estão prontos para acabar com a guerra, nem para o primeiro passo de um cessar-fogo completo”, disse o líder ucraniano em coletiva online.