Medida, que ainda precisa de sanção final, autoriza as Forças Armadas a bloquearem a passagem de navios de “nações hostis” na via marítima mais importante do mundo para o petróleo. EUA afirmam que garantirão a liberdade de navegação.

O Parlamento do Irã (Majlis) aprovou em sessão de emergência neste domingo, 22 de junho, uma lei que autoriza o governo e as Forças Armadas a fecharem o Estreito de Ormuz, a mais importante via marítima para o transporte de petróleo do mundo. A decisão foi uma resposta direta e imediata às declarações feitas no sábado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defendeu abertamente uma “mudança de regime” no Irã.

A resposta à retórica americana
O projeto de lei foi aprovado por uma maioria esmagadora de parlamentares em Teerã e é a reação mais forte do Irã à escalada na retórica da Casa Branca. No sábado, durante um comício, o presidente Donald Trump defendeu a derrubada do governo iraniano e lançou o slogan “MIGA – Make Iran Great Again”. Em seu discurso na tribuna neste domingo, o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, afirmou que “a era da paciência estratégica acabou”. “Se nossos inimigos ameaçam a existência do nosso regime, nós ameaçaremos seus interesses vitais. O Estreito de Ormuz é um interesse vital para o mundo”, declarou Ghalibaf.

Implicações econômicas e militares
O Estreito de Ormuz é um gargalo estratégico que liga os produtores de petróleo do Golfo Pérsico aos oceanos. Cerca de um quinto do consumo mundial de petróleo, o equivalente a quase 20 milhões de barris por dia, passa por essa via. Um fechamento, mesmo que parcial, teria um impacto imediato e severo nos preços da energia e na economia global. A simples aprovação da lei no parlamento já provocou uma alta de mais de 8% na cotação futura do petróleo Brent nas primeiras negociações dos mercados asiáticos.
A reação dos Estados Unidos
A resposta dos EUA à votação no parlamento iraniano foi imediata. Um porta-voz do Pentágono declarou que a “liberdade de navegação através de hidrovias internacionais é uma linha vermelha”. “Os Estados Unidos e nossos parceiros estão preparados para garantir o livre fluxo do comércio e responderão a qualquer agressão”, disse o comunicado. O Comando Central das Forças Navais dos EUA (NAVCENT), responsável pela região e sediado no Bahrein, elevou seu nível de alerta.
Embora a lei iraniana ainda precise da aprovação final do Conselho dos Guardiães e do Líder Supremo, aiatolá Ali Khamenei, para ser implementada, a votação no parlamento é um passo político de enorme gravidade. Ele coloca o Irã e os Estados Unidos em uma rota de colisão direta no ponto mais sensível da economia global, com o potencial de transformar uma guerra de palavras em um conflito militar de consequências devastadoras.