Dados divulgados pelo Atlas da Violência 2024 mostram que o número de homicídios no Brasil registrou queda nos últimos anos, mas permanece alto em diversos estados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Em 2022, foram registrados 46.409 homicídios no país, o equivalente a uma taxa de 21,7 mortes por 100 mil habitantes. Apesar da redução de 3% em relação a 2021 e de quase 30% desde 2017, os índices ainda refletem desigualdade regional e desafios estruturais.

Segundo o estudo elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os estados com as maiores taxas de homicídios em 2022 foram:
- Mato Grosso do Sul: 46,9 por 100 mil habitantes
- Rio de Janeiro: 37,7
- Ceará: 33,4
- Pará: 30,2
- Acre: 26,4
Em contrapartida, os estados com as menores taxas foram:
- São Paulo: 6,8 por 100 mil
- Santa Catarina: 9,1
- Distrito Federal: 11,4
A análise por Unidade da Federação revela que, em um período de 11 anos (2012 a 2022), alguns estados conseguiram reduzir significativamente os índices de homicídios. O Distrito Federal teve a maior queda proporcional, com redução de -67,4%, seguido de São Paulo (-55,3%) e Goiás (-47,7%).
Por outro lado, houve aumento expressivo nas taxas em:
- Piauí: +47,9%
- Amapá: +15,4%
- Roraima: +14,5%
Já entre 2017 e 2022, o Acre liderou com a maior redução: -57,0%, seguido do Rio Grande do Norte (-49,1%) e Ceará (-45,9%). Apenas dois estados registraram aumento de homicídios nesse mesmo recorte de cinco anos: Piauí (+25,5%) e Rondônia (+2,8%).

Tendência regional
O relatório mostra que as regiões Sul e Sudeste apresentam há mais tempo uma tendência de queda nas taxas de homicídio. O estado de São Paulo, por exemplo, iniciou a redução já em 1999, quando sua taxa ultrapassava os 44 por 100 mil habitantes. Atualmente, é o estado com o menor índice do país.
Essa redução está associada a diversos fatores, como:
- Controle de armas de fogo
- Adoção de tecnologias como o Infocrim
- A implantação de policiamento comunitário
- Uso de câmeras corporais por policiais, com efeitos positivos em avaliações recentes
Outros estados, como o Distrito Federal, também investiram em políticas integradas e estratégias baseadas em dados. O programa “Viva Brasília – Nosso Pacto pela Vida”, lançado em 2015, é um exemplo citado. Ele utiliza análise de redes criminais e ações focadas para evitar conflitos entre gangues locais, evitando o aumento da violência.

Fatores locais
No caso de estados do Norte, como Amapá e Amazonas, o relatório explica que o baixo número populacional e a forte presença de facções criminosas tornam os índices mais sensíveis a variações pontuais. Conflitos pontuais já são suficientes para causar picos elevados nas taxas.
Em estados do Nordeste como o Ceará e o Rio Grande do Norte, políticas recentes de integração entre polícia civil, militar, Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública contribuíram para a redução da violência letal. No entanto, essas ações ainda exigem mais estudos para comprovação de impacto direto.