Após encontro com líderes sul-americanos e o premiê da Espanha, presidente critica duramente a decisão dos EUA de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio e afirma que uma resposta brasileira está sendo preparada.

Em uma declaração de forte impacto diplomático e comercial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, 21 de julho, que o Brasil responderá à decisão do governo de Donald Trump de dobrar as tarifas de importação sobre o aço e o alumínio. Em viagem oficial ao Chile, Lula declarou que a “guerra tarifária vai começar na hora que eu der a resposta a Trump”.
A fala do presidente ocorreu durante uma coletiva de imprensa em Santiago, após um encontro multilateral com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, do Uruguai, Yamandú Orsi, da Colômbia, Gustavo Petro, e com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez. A reação é a mais contundente do governo brasileiro à medida anunciada pela Casa Branca no início de junho, que elevou de 25% para 50% as taxas sobre a importação dos metais, impactando diretamente a indústria brasileira, que tem os Estados Unidos como um de seus principais mercados.
Crítica à medida “hostil” em fórum internacional
Durante seu pronunciamento, Lula classificou a atitude do governo americano como “unilateral” e “hostil”, afirmando que ela desrespeita as normas do comércio internacional e prejudica um parceiro histórico. “Não podemos aceitar calados uma medida que prejudica nossos trabalhadores e nossa indústria. O Brasil é um país soberano e não se curvará a imposições que ferem nossos interesses”, disse o presidente.
Resposta em estudo
Lula informou que a resposta brasileira está sendo cuidadosamente estudada e será anunciada em breve. A análise está a cargo do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
“Nossos ministros estão avaliando todas as possibilidades. A resposta será firme e proporcional. A guerra tarifária vai começar na hora que eu der a resposta a Trump. E ele pode esperar”, reiterou Lula.
Embora o presidente não tenha detalhado quais seriam as medidas de retaliação, especialistas especulam que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou impor tarifas sobre produtos americanos importados pelo Brasil. A declaração de Lula, feita ao lado de outros chefes de Estado, sinaliza o fim da diplomacia de bastidores e o início de um confronto comercial mais aberto entre Brasil e Estados Unidos, gerando apreensão no mercado financeiro e no setor produtivo.