Lucas Evangelista da Silva, conhecido como Lampião da Feira ou Lucas da Feira, foi uma figura marcante do sertão baiano no início do século XIX. Nascido em 1805, na região de Feira de Santana, esse homem escravizado virou símbolo de resistência e banditismo, deixando um legado que mistura violência, astúcia e uma narrativa quase lendária.

Filho de agricultores pobres, Lucas começou sua vida em condições adversas. Após ser escravizado e sofrer abusos, fugiu para o interior da Bahia, onde formou um grupo armado que aterrorizou fazendeiros e autoridades entre os anos 1820 e 1840. Diferente de outros cangaceiros, como Virgulino Ferreira, o Lampião mais famoso, Lucas atuava em uma época anterior e em um contexto mais localizado, mas igualmente marcado por desigualdades e revolta contra a opressão.
Os registros históricos apontam que ele comandava assaltos a viajantes e propriedades rurais na estrada que ligava Feira de Santana a Cachoeira, uma rota comercial movimentada na época. Sua fama cresceu tanto que seu nome passou a ser sinônimo de medo entre os moradores da região. Há relatos de que Lucas usava táticas de emboscada, aproveitando o terreno acidentado do sertão, e contava com o apoio de uma rede de informantes, muitos deles também marginalizados pela sociedade escravista.
A trajetória de Lampião da Feira terminou de forma trágica em 1848, quando foi capturado pelas forças policiais após anos de perseguição. Levado a julgamento, foi condenado à forca em Feira de Santana, diante de uma multidão que assistiu ao fim daquele que, para alguns, era um criminoso cruel e, para outros, um rebelde contra a injustiça. Seu corpo ficou exposto como advertência, prática comum na época para desencorajar revoltas.