Montadora americana interrompe envio de picapes, SUVs e carros esportivos fabricados nos EUA; guerra comercial impacta lucros estimados em US$ 900 milhões

A Ford Motor Company anunciou nesta sexta-feira (18) a suspensão imediata das exportações de veículos dos Estados Unidos para a China. A medida é uma resposta direta às tarifas de até 150% impostas pelo governo chinês em retaliação às novas medidas comerciais americanas.
Segundo informações confirmadas ao The Wall Street Journal, a decisão afeta modelos como a picape F-150 Raptor, o esportivo Mustang e o SUV Lincoln Navigator — todos fabricados nos EUA. A China é um mercado estratégico para a Ford, mas as exportações de veículos americanos já vinham em queda, com apenas 5.500 unidades enviadas em 2024, uma redução de 72% em relação aos anos anteriores.
A montadora afirmou que a medida tem impacto estimado de US$ 900 milhões em seu lucro operacional, mas ressalta que a maior parte de suas vendas na China (cerca de 400 mil veículos por ano) vem de modelos produzidos localmente em parceria com joint ventures. Apenas 1,4% de seu volume de negócios no país é afetado pela suspensão.

O governo chinês elevou as tarifas após os EUA aumentarem, em janeiro, os impostos sobre a importação de automóveis e autopeças para 25%. A Ford ainda estuda alternativas, como ajustes de preços e mudanças na cadeia de suprimentos, mas um memorando interno obtido pela Reuters indica que, se as tarifas persistirem, os consumidores podem enfrentar aumentos significativos.
Enquanto isso, a montadora mantém as exportações de motores e transmissões para a China, setor menos afetado pelas novas taxas. A empresa também continua importando para os EUA o SUV Lincoln Nautilus, fabricado na China, mesmo com tarifas cumulativas de 145%.
A guerra comercial entre EUA e China já levou outras montadoras a reestruturarem operações. A Volvo, por exemplo, anunciou cortes de 800 empregos nos Estados Unidos devido aos custos das tarifas. Analistas apontam que o setor automotivo global enfrenta crescentes pressões, com a China priorizando veículos elétricos de fabricantes locais — mercado no qual a Ford vem perdendo participação.
A Ford negocia com o governo americano possíveis isenções, enquanto o presidente Donald Trump sinalizou uma revisão das tarifas nos próximos dias. Enquanto isso, a montadora se prepara para realinhar sua estratégia global diante do agravamento da disputa comercial.