Proposta de Erika Hilton para jornada de 36 horas semanais ganha apoio, mas enfrenta resistências
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou na terça-feira, 6 de maio de 2025, que a redução da jornada de trabalho, incluindo o fim da escala 6×1, é uma “tendência mundial”. A declaração foi feita durante entrevista em Brasília, após reunião com empresários. Alckmin destacou que o avanço da tecnologia permite maior produtividade com menos horas trabalhadas, mas enfatizou que o tema deve ser discutido pela sociedade e pelo Congresso Nacional, sem confirmar apoio oficial do governo.

A escala 6×1, em que o trabalhador atua seis dias seguidos com apenas um de descanso, é comum em setores como comércio e serviços. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), apresentada em 1º de maio de 2024, busca reduzir a jornada semanal de 44 para 36 horas, com até quatro dias de trabalho e três de folga, sem corte salarial. Até o momento, a proposta alcançou 153 assinaturas na Câmara dos Deputados, faltando 18 para as 171 necessárias para tramitação. O movimento ganhou força com o apoio do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que coletou mais de 2,2 milhões de assinaturas em um abaixo-assinado online.
O debate divide opiniões. Deputados como Chico Alencar (PSOL-RJ) e Alice Portugal (PCdoB-BA) defendem a mudança, argumentando que a escala 6×1 é desgastante e que a redução pode melhorar a qualidade de vida e gerar empregos. Já parlamentares da oposição, como Nikolas Ferreira (PL-MG), chamam a PEC de “populista” e defendem negociações diretas entre empregados e patrões. O Ministério do Trabalho, liderado por Luiz Marinho, considera a redução para 40 horas semanais “viável”, mas sugere que o tema seja tratado em acordos coletivos.