Diplomatas defendem acerto antes de eventual telefonema para que Trump não repita com Lula o que fez com Zelensky

Diplomatas defendem acerto antes de eventual telefonema para que Trump não repita com Lula o que fez com Zelensky

Receio no Itamaraty é que presidente americano use um eventual telefonema para pressionar Lula, como no caso que levou ao seu primeiro impeachment. Sugestão é que conversa só ocorra com roteiro previamente negociado.

Diplomatas de carreira do Itamaraty estão aconselhando o Palácio do Planalto a só realizar um eventual telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump após um detalhado “acerto prévio” entre as equipes dos dois países. O objetivo da cautela, segundo a reportagem do G1, é evitar a repetição do controverso episódio de 2019 envolvendo Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que resultou no primeiro processo de impeachment do presidente americano.

O fantasma da ligação com Zelensky

A preocupação dos diplomatas brasileiros remete à ligação de julho de 2019, na qual Donald Trump pressionou Zelensky a anunciar uma investigação de corrupção contra Joe Biden, então seu principal adversário político, e seu filho, Hunter Biden. A conversa, cujo teor veio a público, foi a base para a acusação de abuso de poder que levou ao primeiro impeachment de Trump.

O receio no Itamaraty é que o presidente americano possa tentar usar uma conversa com Lula para fazer pedidos inadequados ou para fins de política doméstica, colocando o presidente brasileiro em uma situação delicada.

A necessidade de um roteiro

Para evitar armadilhas, a recomendação é que a conversa só aconteça se houver um roteiro detalhadamente negociado entre os assessores diplomáticos dos dois presidentes. Neste modelo, o telefonema não seria um espaço para negociação, mas para a formalização de entendimentos já costurados previamente, sem espaço para improvisos ou “surpresas”.

A discussão sobre uma possível ligação entre os dois líderes ganhou força após a recente escalada na tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, iniciada pela decisão de Trump de dobrar as tarifas sobre o aço e o alumínio, e a subsequente ameaça de Lula de uma “guerra tarifária”.

A cautela da diplomacia brasileira evidencia o estilo pouco ortodoxo e imprevisível de Donald Trump nas relações internacionais. A decisão sobre a realização do telefonema e, principalmente, sobre os termos em que ele ocorreria, será um importante teste para a relação entre os dois presidentes em um momento de atrito bilateral.

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