Parlamentar, que era considerada foragida, foi detida em Roma com base em mandado da Interpol por descumprir medidas cautelares impostas pelo STF. Governo brasileiro agora pedirá a extradição.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na manhã desta sexta-feira, 1º de agosto, em Roma, pela polícia italiana. A detenção foi realizada em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, o que permitiu sua captura em território estrangeiro.
O motivo da prisão
Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, a ordem de prisão foi decretada após Zambelli ter deixado o Brasil, violando as medidas cautelares que haviam sido impostas a ela no âmbito dos inquéritos que investigam a trama golpista de 2022.
A deputada estava proibida de deixar o país e teve seu passaporte brasileiro apreendido por determinação judicial. No entanto, por possuir cidadania italiana, ela utilizou seu passaporte europeu para sair do Brasil sem ser detectada pelas autoridades migratórias. A viagem foi interpretada por Moraes como um ato deliberado de fuga e uma clara tentativa de obstruir as investigações e se furtar à aplicação da lei penal.
Próximos passos: a extradição
Com a prisão, o Ministério da Justiça do Brasil, por meio de canais diplomáticos, formalizará o pedido de extradição de Carla Zambelli ao governo italiano. O processo será analisado pela Justiça da Itália, que deverá decidir se acata ou não o pedido brasileiro.

A defesa da parlamentar já se movimenta para contestar a extradição. A estratégia, comum em casos do tipo, será argumentar que sua cliente é vítima de perseguição política (fumus persecutionis), uma tese que, se aceita pelos tribunais italianos, pode impedir o retorno forçado da deputada ao Brasil.
Reações
Os advogados de Zambelli no Brasil divulgaram uma nota na qual classificam a prisão como “ilegal e autoritária, um claro exemplo de perseguição política que viola as imunidades parlamentares”. Aliados da deputada e do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional também criticaram duramente a decisão de Moraes.
A prisão de Carla Zambelli em solo estrangeiro adiciona um novo e dramático capítulo às investigações sobre os atos antidemocráticos, transformando um caso judicial em um complexo imbróglio diplomático e jurídico internacional.