O Brasil acompanha com apreensão o anúncio de novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um movimento apelidado por ele como “Dia da Libertação”. A preocupação central recai sobre o setor siderúrgico, que teme uma dupla taxação sobre o aço exportado para o mercado americano. Desde 12 de março, os EUA já aplicam uma tarifa de 25% sobre o aço brasileiro, uma medida que eliminou isenções anteriores e impactou o país, terceiro maior fornecedor do produto aos americanos, atrás apenas de Canadá e México. Agora, há receio de que as tarifas anunciadas hoje, que podem atingir diversos setores, incluam um novo imposto sobre o mesmo aço, agravando os custos.

O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressou pessimismo nas últimas semanas. Em entrevista recente, Lula afirmou que, se confirmada a taxação, o Brasil reagirá, seja por meio de uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou com medidas retaliatórias, como impostos sobre produtos americanos. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) monitora a situação e mantém diálogo com a Casa Branca, mas a falta de clareza sobre os detalhes das novas tarifas mantém o setor em alerta. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é titular do MDIC, reforçou que a prioridade é negociar para evitar prejuízos maiores.
A indústria siderúrgica brasileira, representada por empresas como Gerdau e CSN, exportou 3,4 milhões de toneladas de aço semiacabado aos EUA em 2024, cerca de 45% do total vendido ao exterior. A possibilidade de uma dupla tributação preocupa não só pela perda de competitividade, mas também pelo impacto em empregos e na balança comercial, já que os EUA são um destino crucial para o setor.