O advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, que pretende solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A declaração foi feita durante uma entrevista no programa Estúdio i, da GloboNews, logo após a divulgação dos vídeos da delação pelo ministro Alexandre de Moraes.

Vilardi argumentou que Cid teria descumprido os termos do acordo ao supostamente vazar informações e desrespeitar as condições estabelecidas para sua colaboração com a Justiça. Ele questionou a validade da delação, afirmando que ela já deveria ter sido anulada automaticamente. “O surpreendente é que eu tenha que pedir a anulação”, disse o advogado, destacando que, na visão da defesa, houve irregularidades na condução do processo pelo STF.
A delação de Cid é um dos pilares da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas, acusadas de tramar um golpe de Estado em 2022 para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Para Vilardi, porém, a peça da PGR seria “incoerente” e dependente demais das declarações de Cid, o que reforça o pleito da defesa pela anulação.
O advogado também criticou a atuação de Moraes, relator do inquérito, alegando que o ministro teria extrapolado suas funções ao realizar uma audiência para “salvar a delação” após indícios de que o acordo poderia ser rompido. “O juiz da causa pode marcar uma audiência para dizer ao colaborador que, se não falar a verdade, vai ser preso e perder a imunidade?”, questionou Vilardi.