O Ministério do Desenvolvimento Social firmou um contrato de R$ 5,6 milhões com uma ONG comandada por um ex-assessor do PT, José Renato Varjão, para distribuir “quentinhas” a pessoas em situação de vulnerabilidade social. No entanto, as refeições prometidas não estão chegando aos beneficiários, segundo relatórios e visitas realizadas aos endereços informados.
A investigação, publicada pelo jornal O Globo, mostrou que Varjão subcontratou diversas ONGs, muitas das quais também são lideradas por ex ou atuais assessores de parlamentares petistas, para realizar a distribuição das refeições. Ao visitar os locais indicados, não havia sinais de atividade de produção ou entrega de alimentos. Um exemplo é a Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá, no Jardim Varginha, São Paulo, que deveria fornecer 4.583 refeições por mês, mas estava fechada durante a inspeção, e moradores vizinhos desconheciam qualquer distribuição de marmitas.
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Paula Souza Costa, proprietária da ONG acima mencionada e ex-funcionária do gabinete do vereador Arselino Tatto (PT), admitiu que apenas 250 quentinhas foram distribuídas em janeiro, representando apenas 5% do prometido. Ela alegou ter feito uma parceria com outra ONG, mas a quantidade entregue ainda está muito aquém do contrato.
Outra ONG, a Cozinha Solidária Divino Espírito Santo, deveria entregar o mesmo número de refeições na região de Sapopemba, mas, na visita do jornal, funcionava apenas uma igreja no endereço informado, com vizinhos mencionando um ponto de distribuição que não estava em funcionamento naquele dia. O relatório da reportagem indica que o total de refeições entregues estava abaixo do estipulado.
Além disso, surgiram questionamentos sobre as prestações de contas dessas organizações, com relatórios repetidos de diferentes entidades, sugerindo possíveis irregularidades.
A repercussão nas redes sociais foi intensa, com muitos usuários do X criticando a utilização de recursos públicos e a eficiência das ações do governo. Frases como “Quentinha invisível” e “ONGs de petistas não entregam refeições” se tornaram virais, mostrando a indignação popular.
Em resposta, o Ministério do Desenvolvimento Social afirmou que está monitorando a situação e que, caso se confirmem as irregularidades, medidas como o corte de repasses, devolução de valores e inabilitação das cozinhas serão tomadas. A Polícia Federal foi acionada para investigar o caso.
