Governo tenta acelerar liberação de emendas para conter animosidade no Congresso contra MP de Haddad

Governo tenta acelerar liberação de emendas para conter animosidade no Congresso contra MP de Haddad

AssePlanalto age para evitar que Medida Provisória do PIS/Cofins seja ‘devolvida’ pelo Legislativo; líderes do Congresso, porém, afirmam que liberação de verbas é obrigação e mantêm críticas à medida.

O Palácio do Planalto iniciou uma operação para acelerar a liberação de recursos de emendas parlamentares em uma tentativa de conter a forte animosidade e a crise instalada no Congresso Nacional após a edição da Medida Provisória (MP) que restringiu o uso de créditos de PIS/Cofins. A manobra política, segundo a apuração do jornal O Globo, visa evitar o risco de a MP ser “devolvida” ao Executivo, o que representaria uma derrota contundente para a equipe econômica do ministro Fernando Haddad.

A crise teve início nesta quinta-feira (12), quando o governo publicou a Medida Provisória como forma de compensar a perda de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento para 17 setores. A decisão de impor a medida sem um diálogo prévio com o Legislativo foi recebida por deputados e senadores como uma quebra do acordo de confiança estabelecido em negociações fiscais anteriores, como a do IOF.

Diante da repercussão negativa e da ameaça real de o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, ou o da Câmara, Hugo Motta, usarem o dispositivo de “devolução” da MP – o que anularia seus efeitos imediatamente –, a articulação política do governo entrou em campo. A ordem é agilizar o “empenho” e o “pagamento” de emendas, que são os recursos que os parlamentares destinam no Orçamento para obras e serviços em suas bases eleitorais.

Congresso separa as coisas e mantém pressão

Apesar do gesto do governo, líderes parlamentares ouvidos pela reportagem deixaram claro que, embora a liberação dos recursos seja bem-vinda, ela é tratada como uma obrigação constitucional do Executivo, e não como uma moeda de troca que resolverá o mérito da questão.

A avaliação no Congresso é de que a MP do PIS/Cofins é tecnicamente ruim, prejudicial ao setor produtivo e foi imposta de forma unilateral. Portanto, a pressão para que o governo revogue a medida e apresente uma nova solução, desta vez negociada, continua.

“A liberação de emendas é um dever, não um favor. O problema central é o conteúdo da Medida Provisória, que foi editada sem qualquer diálogo e prejudica a economia. Uma coisa não anula a outra”, afirmou um líder partidário ao jornal.

A situação configura uma queda de braço: de um lado, o governo utiliza a gestão do orçamento como uma ferramenta para acalmar sua base e evitar uma derrota humilhante. Do outro, o Congresso demonstra sua força e insatisfação com a estratégia da equipe econômica, que tem priorizado o aumento da arrecadação em detrimento de um debate mais aprofundado sobre o corte de gastos públicos. O destino da MP e o clima entre os Poderes dependerão das negociações dos próximos dias.

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