O senador Marcos do Val (Podemos-ES), conhecido por sua alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou que apresentará um projeto de lei para proibir o direito ao voto de beneficiários do Bolsa Família, programa social que atende milhões de famílias em situação de vulnerabilidade no Brasil. A proposta, ainda em fase de elaboração, já desperta controvérsia e promete reacender discussões sobre cidadania, democracia e o papel dos programas de transferência de renda.

Marcos do Val, que recebe um salário mensal de aproximadamente R$ 44 mil como senador, justificou a ideia em falas recentes, sugerindo que o Bolsa Família seria uma forma de “compra de votos” por parte do governo. Ele também afirmou que “a população é que precisa fazer pelo Estado, e não o contrário”, invertendo a lógica tradicional de que o poder público deve servir aos cidadãos. A declaração foi feita durante uma transmissão ao vivo, amplamente repercutida nas redes sociais, onde o parlamentar defendeu que benefícios sociais condicionam a liberdade de escolha eleitoral.
O Bolsa Família, retomado em 2023 pelo governo Lula após substituir o Auxílio Brasil, atualmente beneficia cerca de 21 milhões de famílias com um valor mínimo de R$ 600 mensais, além de adicionais por criança. Para críticos da proposta, como parlamentares da base governista, a medida de Do Val é um ataque direto à democracia e aos direitos políticos de uma parcela significativa da população, majoritariamente pobre e historicamente excluída.
A iniciativa não é a primeira polêmica do senador capixaba, que já protagonizou episódios como a sugestão de que os Estados Unidos “invadissem” o Brasil para “restaurar a democracia” e acusações de tentativa de golpe envolvendo Bolsonaro. Especialistas apontam que, caso o projeto seja formalizado, enfrentará barreiras legais, já que o artigo 14 da Constituição Federal garante o voto como direito universal e obrigatório para brasileiros maiores de 16 anos, sem distinção de renda ou condição social.