OCDE eleva previsão de PIB da Argentina e reduz a do Brasil para 2025

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou, nesta quinta-feira, 20 de março de 2025, uma revisão de suas projeções econômicas que chamou a atenção do mercado internacional. Segundo o relatório mais recente, o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina deve crescer 5,7% em 2025, superando a estimativa para o Brasil, que foi reduzida para 2,1% no mesmo período. Os números, apresentados em Paris, sede da entidade, contrastam com as expectativas anteriores e refletem cenários distintos para as duas maiores economias da América do Sul.

OCDE eleva previsão de PIB da Argentina e reduz a do Brasil para 2025

Na Argentina, a previsão otimista vem após um 2024 de recessão, com o PIB encolhendo 3,8%, impactado por ajustes fiscais rigorosos e uma inflação que chegou a 120,9% no ano passado. Para 2025, a OCDE aponta uma recuperação sustentada por reformas estruturais implementadas pelo governo de Javier Gerardo Milei, como a redução de subsídios e a flexibilização de regras trabalhistas. O consumo privado, que caiu 7,2% em 2024, deve subir 3,3%, enquanto os investimentos, antes em queda de 23,9%, podem crescer 11,8%. A inflação, ainda alta, está projetada para recuar a 29,8%, sinalizando um alívio gradual.

Já o Brasil, que em 2024 deve registrar crescimento de 1,9%, enfrenta ventos contrários que justificam a revisão para baixo. A OCDE destacou a fragilidade fiscal como principal entrave, com a dívida pública bruta prevista para alcançar 77,3% do PIB até o fim deste ano, segundo o Tesouro Nacional. Gastos elevados em saúde e educação, aliados à incerteza sobre a arrecadação de novas medidas tributárias, como a reforma aprovada em 2023, pesam sobre as contas públicas. A entidade também mencionou a desaceleração no comércio com parceiros como a China, afetando exportações de commodities.

A diferença nas trajetórias econômicas reacende comparações entre os vizinhos. Enquanto a Argentina projeta um salto em 2026, com PIB a 4,8%, o Brasil deve se manter em 1,4%, abaixo da média global de 3,2%. Analistas em São Paulo e Buenos Aires acompanham os desdobramentos, especialmente em cidades como Feira de Santana, onde o agronegócio sente os reflexos regionais.