Crianças enfrentam fome severa, e cozinhas comunitárias fecham por falta de suprimentos
A Faixa de Gaza vive uma crise humanitária agravada pelo bloqueio total imposto por Israel, que completou três meses em 2 de maio de 2025. A interrupção da entrada de alimentos, medicamentos e combustível, iniciada em 2 de março, levou a um aumento alarmante da desnutrição, especialmente entre crianças. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 10 mil casos de desnutrição aguda infantil foram registrados desde janeiro, com preços de alimentos subindo até 1.400%. No Hospital Nasser, em Khan Younis, a bebê Siwar Ashour, de cinco meses, pesa apenas 2 kg, menos da metade do esperado para sua idade, devido à escassez de fórmula infantil específica.

Najwa, mãe de Siwar, de 23 anos, relatou dificuldades para se alimentar durante a gravidez. “Não havia comida quando dei à luz. Agora, ela depende de leite em pó, e não sabemos como conseguir mais”, disse à BBC. A ONU classificou o bloqueio como uma “punição coletiva cruel” à população civil, com 91% dos 2 milhões de habitantes enfrentando insegurança alimentar grave. Israel justifica a medida como pressão para que o Hamas liberte 59 reféns, dos quais até 24 estariam vivos, mas a tática tem gerado críticas internacionais, incluindo do presidente dos EUA, Donald Trump, que pediu a entrada de alimentos.
Cozinhas comunitárias, que alimentavam milhares, estão fechando por falta de suprimentos. Em Khan Younis, o grupo Shabab Gaza, que distribuía uma refeição diária, teve três de suas quatro cozinhas desativadas, segundo Mohammad Abu Rjileh, de 29 anos. Saques a depósitos, atribuídos a gangues e civis desesperados, agravaram a crise, com relatos de violência, como dois baleados fora de um armazém da Unrwa. A ONU alertou que estoques de água e sangue hospitalar estão quase esgotados, enquanto crianças e idosos buscam comida no lixo. Israel planeja usar empresas privadas para gerir a ajuda, mas a proposta é rejeitada por agências humanitárias.