O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou neste sábado, 22 de fevereiro, sua intenção de aderir a um acordo de reciprocidade comercial proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi feita durante discurso na Conservative Political Action Conference (CPAC), evento conservador realizado em Washington, onde Milei destacou o desejo de fazer da Argentina o primeiro país a integrar a iniciativa, que prevê tarifas zero entre as duas nações.

A proposta de reciprocidade de Trump, detalhada por ele em publicações recentes, prevê que os EUA apliquem aos produtos estrangeiros as mesmas taxas que esses países cobram das exportações americanas. No caso de um acordo com a Argentina, Milei sinalizou que ambos os lados eliminariam as tarifas, promovendo um comércio bilateral sem barreiras alfandegárias. Ele afirmou que, se não fosse pelas restrições impostas pelo Mercosul, a Argentina já estaria trabalhando em um tratado de livre comércio com os EUA.
A fala de Milei ocorreu em um momento estratégico de sua visita aos Estados Unidos, iniciada na quinta-feira, 20 de fevereiro. Durante a viagem, ele se encontrou com Trump nos bastidores da CPAC e também se reuniu com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, para discutir um novo pacote econômico para o país. A possibilidade de zerar tarifas com os EUA é vista como parte de sua agenda de abertura econômica e redução do papel do Estado, alinhada à sua visão ideológica.
A iniciativa, porém, enfrenta obstáculos. A Argentina integra o Mercosul, bloco que estabelece um arancel externo comum e impede negociações individuais de acordos comerciais com outros países. Para concretizar a proposta, Milei precisaria romper com o bloco ou negociar uma exceção, o que poderia gerar tensões com parceiros como o Brasil. Enquanto isso, o anúncio reforça a aproximação entre Milei e Trump, que compartilham afinidades políticas e já trocaram gestos de apoio mútuo em eventos anteriores.