Fusão do PP e União Brasil pode gerar um novo megapartido do Centrão

A possível fusão entre o Partido Progressistas (PP) e o União Brasil (UB) tem ganhado força nos bastidores políticos e pode resultar na formação de um novo megapartido do Centrão, com impacto significativo no cenário nacional. As negociações, que avançam desde o início de 2025, apontam para a criação de uma legenda que reuniria cerca de 106 deputados federais — 49 do PP e 57 do UB, conforme a composição atual da Câmara em março de 2025 — tornando-se a maior bancada da Casa e superando o Partido Liberal (PL), que hoje conta com 95 parlamentares. O tema foi abordado nesta quarta-feira (19) pelo Portal NINJAFSA, destacando como essa união poderia fortalecer o Centrão e influenciar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fusão do PP e União Brasil pode gerar um novo megapartido do Centrão

As conversas entre PP e União Brasil retomaram com intensidade após a eleição de Antônio Rueda como presidente do UB em fevereiro de 2025, com apoio do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil e líder do Progressistas. A ideia de uma federação ou fusão entre as siglas, que já havia sido ventilada em 2022 e 2023, ganhou novo impulso com a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara em 1º de fevereiro de 2025, com 444 votos. Lira, aliado de Nogueira, vê na união uma oportunidade de consolidar o poder do Centrão no Congresso, especialmente em um momento de tensões com o governo Lula e de avanço da direita bolsonarista.

O União Brasil, criado em 2022 da fusão entre DEM e PSL, tem enfrentado disputas internas entre figuras como Rueda e Luciano Bivar, mas mantém uma bancada expressiva e acesso a recursos do fundo eleitoral — cerca de R$ 782 milhões em 2022. O PP, por sua vez, é um pilar histórico do Centrão, com raízes na redemocratização e uma trajetória de apoio a governos de diferentes espectros, de Fernando Henrique Cardoso a Jair Bolsonaro. Juntos, os partidos poderiam formar a “União Progressista”, nome cogitado para a federação, segundo fontes próximas às negociações.

Se concretizada, a união criaria um bloco com mais de 100 deputados, 13 senadores (7 do PP e 6 do UB) e uma forte presença municipal, com 1.321 prefeitos eleitos em 2024, segundo projeções baseadas em dados do TSE. Isso daria ao novo partido um peso inédito no Congresso, superando o PL de Bolsonaro e o PT de Lula (68 deputados), e reforçando o controle do Centrão sobre pautas estratégicas, como o Orçamento e as comissões permanentes. A bancada poderia negociar cargos no governo ou impor derrotas ao Executivo, dependendo de sua alinhamento político.

A federação, que exige atuação conjunta por pelo menos quatro anos, também ampliaria o acesso a recursos públicos e tempo de propaganda, fortalecendo as siglas para as eleições de 2026. No entanto, há resistências internas: parte da bancada do PP teme perder identidade, enquanto o UB enfrenta divergências entre seus líderes, como ACM Neto e Bivar, que já travaram disputas pelo comando da legenda.

A viabilidade da fusão depende de acordos financeiros e políticos. O UB, com seu “fundão bilionário”, é um ativo cobiçado, mas o PP exige protagonismo na nova estrutura, com nomes como Nogueira e Lira à frente. Além disso, a inclusão de outros partidos do Centrão, como o Republicanos (42 deputados), já foi debatida, o que poderia elevar a bancada a 148 parlamentares, mas enfrenta obstáculos devido a rivalidades regionais e interesses conflitantes.

Para o governo Lula, o surgimento desse megapartido seria um desafio. Apesar de contar com apoio de siglas como PSD e MDB, o PT teria dificuldades para avançar sua agenda sem negociar com o Centrão fortalecido, especialmente em pautas econômicas como a ampliação da isenção do IR ou cortes no Bolsa Família. Já para o bolsonarismo, a união poderia dividir o espaço da direita, já que o PL, principal força oposicionista, perderia a liderança numérica na Câmara.

A possível criação desse megapartido reflete a estratégia do Centrão de se manter como fiel da balança na política brasileira. Seja por federação ou fusão, a união entre PP e União Brasil pode redefinir o equilíbrio de forças no Congresso e nas eleições futuras, consolidando o grupo como uma potência pragmática em um país polarizado entre PT e PL. Em Feira de Santana, onde o PP de José Ronaldo tem forte influência, o impacto local também seria sentido, com mais recursos e peso político para a máquina partidária.

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