A China adquiriu um volume recorde de 2,4 milhões de toneladas de soja brasileira nos primeiros dias de abril de 2025, equivalente a cerca de 40 cargas, segundo fontes do mercado reportadas pela Bloomberg. A compra, descrita como excepcionalmente grande, representa quase um terço do que o país asiático normalmente processa por mês. Os grãos, destinados majoritariamente para entrega entre maio e julho, foram adquiridos por esmagadoras chinesas em meio à escalada da guerra comercial com os Estados Unidos.

O conflito tarifário ganhou força após o presidente americano Donald Trump impor taxas de importação de até 145% sobre produtos chineses em 5 de abril, enquanto Pequim retaliou elevando tarifas sobre bens americanos de 84% para 125% no dia 11 de abril. Nesse cenário, a soja brasileira ganhou competitividade, beneficiada por uma recente queda nos preços domésticos, que haviam subido nos meses anteriores. O Brasil, maior fornecedor de soja para a China, exportou 14,68 milhões de toneladas em março de 2025, um aumento de 16,5% em relação ao mesmo período de 2024, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A demanda chinesa foi impulsionada também por margens mais altas no processamento interno, após o aumento nos preços do farelo de soja. Analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) já haviam notado, na semana anterior, um crescimento nas negociações no mercado spot brasileiro, com compradores asiáticos aproveitando a janela antes do pico da safra americana no segundo semestre. A safra brasileira 2024/25 deve atingir 167,9 milhões de toneladas, segundo a Conab, reforçando a capacidade do país de atender à procura internacional.