Um novo relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que os indígenas estão enfrentando níveis altos de violência no Brasil. De acordo com o Atlas da Violência 2024, em 2022, 300 indígenas foram assassinados no país. Isso significa 20 mortes para cada 100 mil pessoas dessa população, um número acima da média nacional.

A maior parte desses crimes está ligada a disputas por terras. No Norte e no Centro-Oeste, onde atividades como garimpo e desmatamento são comuns, os casos se concentram. No Amazonas, por exemplo, 40% dos assassinatos aconteceram em áreas invadidas. “Vivemos com medo todos os dias”, conta um líder da comunidade Yanomami, que participou do estudo.
O relatório também chama atenção para os suicídios. Foram 150 casos entre indígenas em 2022, muitos deles jovens entre 15 e 29 anos. No Mato Grosso do Sul, que tem a maior população indígena do Brasil, a situação preocupa ainda mais: são 15 suicídios para cada 100 mil pessoas. Pesquisadores dizem que a falta de oportunidades e a perda de tradições ajudam a explicar esses números.

Outro problema é a ausência de serviços básicos. Apenas 10% das aldeias têm acesso regular a atendimento de saúde mental, segundo o estudo. “Sem apoio, o sofrimento só aumenta”, diz uma liderança Guarani-Kaiowá.

Para tentar mudar isso, o relatório sugere mais fiscalização nas terras indígenas e programas que levem cultura e esperança aos jovens. Também defende que indígenas sejam capacitados para atuar na solução de conflitos em suas próprias comunidades.
Os dados mostram um cenário difícil, mas que pode melhorar com ações concretas. Preservar a vida dos indígenas é preservar também sua história e seus territórios.