Manifestantes e Policiais Entram em Confronto Durante Protesto Contra Milei em Buenos Aires -

Manifestantes e Policiais Entram em Confronto Durante Protesto Contra Milei em Buenos Aires

Um protesto contra as políticas do presidente argentino, Javier Milei, realizado nesta quarta-feira, 12 de março, em Buenos Aires, terminou em violentos confrontos entre manifestantes e policiais. A manifestação, organizada por aposentados e apoiada por torcedores de futebol organizados, reivindicava melhores condições salariais e o fim das medidas de austeridade implementadas pelo governo. Pelo menos 31 pessoas foram detidas, e dois policiais ficaram feridos, segundo informações das autoridades locais.

Manifestantes e Policiais Entram em Confronto Durante Protesto Contra Milei em Buenos Aires

Os protestos, que ocorrem semanalmente em frente ao Congresso Nacional, ganharam força com a adesão de torcidas organizadas, o que ampliou a tensão com as forças de segurança. A confusão começou quando os policiais iniciaram uma operação para desbloquear uma rua ocupada pelos manifestantes, montando um cordão para impedir o avanço em direção ao Congresso. Imagens registradas por participantes mostraram manifestantes jogando objetos contra os agentes, que responderam com jatos de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Um carro da polícia foi incendiado durante o confronto, que se estendeu pelo Centro Histórico de Buenos Aires, chegando próximo à Casa Rosada, sede do governo argentino.

Os aposentados, principais organizadores do ato, denunciaram a perda de poder de compra devido à inflação galopante e às políticas de ajuste econômico de Milei. “Os aposentados estão vivendo o pior ataque às conquistas sociais. Nem com outros governos foi tão grave”, afirmou José Montes, um aposentado de 75 anos que participou do protesto em uma cadeira de rodas. Segundo a Defensoria da Terceira Idade, o custo da cesta básica para um idoso em Buenos Aires – que inclui moradia, alimentação e medicamentos – ultrapassa o dobro do valor médio de uma pensão, que em fevereiro de 2025 equivalia a cerca de R$ 1.800.

O Ministério da Segurança Nacional, comandado por Patricia Bullrich, endureceu as medidas para conter os protestos, especialmente após a adesão de torcidas organizadas. Em comunicado, o governo alertou que qualquer pessoa envolvida em atos violentos ou bloqueios de vias poderia ser detida, seguindo o protocolo antipiquetes instituído por Milei logo após sua posse, em dezembro de 2023. Esse protocolo proíbe o bloqueio de ruas e prevê punições severas, incluindo a perda de benefícios sociais para manifestantes identificados em atos de desobediência.

A ministra Bullrich defendeu a ação policial, afirmando que “a ordem pública deve ser garantida” e que os protestos não podem “paralisar a vida dos cidadãos”. O governo também minimizou a manifestação, atribuindo a participação a “movimentos de esquerda” e sugerindo que os números de manifestantes foram inferiores aos de atos anteriores. No entanto, imagens aéreas e relatos de jornalistas presentes indicaram uma presença significativa, com milhares de pessoas ocupando as ruas do centro da capital.

Organizações de direitos humanos e sindicatos criticaram duramente a repressão policial. A Associação de Magistrados da Argentina divulgou um comunicado repudiando as ações do governo, destacando que “o direito ao protesto pacífico é parte essencial da democracia e está garantido pela Constituição e por tratados internacionais”. Imagens de uma aposentada sendo agredida por um policial – empurrada, golpeada na cabeça e derrubada no chão – viralizaram nas redes sociais, gerando indignação e pedidos de investigação.

A violência também atingiu a imprensa. Jornalistas relataram dificuldades para cobrir o evento, com pelo menos dois profissionais feridos por balas de borracha durante os confrontos. O Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBA) denunciou a repressão e exigiu garantias para o trabalho da imprensa, lembrando episódios anteriores em que dezenas de repórteres foram feridos em protestos contra Milei.

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