Levantamento revela apoio especialmente entre moradores de favelas e mostra divisão política sobre a operação mais letal da história do estado
Uma pesquisa recente conduzida pela AtlasIntel revela que a megaoperação policial realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 2025, é aprovada pela maioria da população brasileira, apesar do histórico número de mortes resultante da ação. A operação, denominada Operação Contenção, foi a mais letal já registrada no estado, contabilizando 121 mortos, incluindo quatro policiais.
De acordo com o levantamento, 55,2% dos brasileiros apoiam a ação, enquanto 42,3% desaprovam. Esse apoio é ainda mais expressivo no Rio de Janeiro, onde 62,2% dos moradores manifestaram aprovação. O índice de respaldo é particularmente alto nas favelas cariocas, chegando a 87,6%, um dado que chama atenção para a percepção diferenciada desses moradores em relação à segurança pública e às ações policiais.
A pesquisa também mostra que 52,5% dos brasileiros consideram que o nível de violência empregado pela polícia foi adequado, e no Rio, essa percepção atinge 62,3%. Entre os moradores de favelas, quase 90% avaliam que a operação teve uso adequado da força, embora a questão do alto número de mortos gere preocupação em setores da sociedade.
O apoio popular também se traduz no desejo por operações similares no futuro: 55,9% dos brasileiros e 62% dos cariocas são favoráveis à realização de ações do mesmo tipo. Outro aspecto importante revelado pelo estudo é a aceitação majoritária (64%) da população em geral quanto à utilização de veículos blindados enviados pelo governo federal, através de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
A pesquisa destaca ainda divergências políticas e sociais, mostrando que a aprovação da operação é mais predominante entre homens, pessoas de baixa renda e eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, indicando um ambiente polarizado no debate sobre segurança pública. O governo do estado do Rio defendeu a operação como necessária para combater o avanço do Comando Vermelho, enquanto o Palácio do Planalto criticou a falta de comunicação prévia.
Apesar das críticas ao grau de letalidade da operação por parte de parlamentares, movimentos sociais e integrantes do governo federal, o levantamento expõe que mais da metade da população considera a violência empregada proporcional para o contexto e reforça o desejo da sociedade por medidas eficazes para conter o crime organizado.
Este cenário coloca em evidência a urgência de um diálogo equilibrado, que contemple o direito à segurança da população e o respeito aos direitos humanos, além da busca por políticas públicas que reduzam a violência estrutural nas comunidades impactadas.
