Hugo Motta nega perseguição política e exilados no Brasil em sessão sobre redemocratização -

Hugo Motta nega perseguição política e exilados no Brasil em sessão sobre redemocratização

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (19) que o Brasil não registra perseguições políticas, presos ou exilados políticos nos últimos 40 anos. A declaração foi feita durante uma sessão solene na Câmara que celebrou os 40 anos da redemocratização do país, marcando o aniversário da posse de José Sarney, em 15 de março de 1985, o primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar.

Hugo Motta nega perseguição política e exilados no Brasil em sessão sobre redemocratização

Em seu discurso, Motta destacou os avanços democráticos desde então. “Nos últimos 40 anos, não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força, não tivemos perseguições políticas, nem presos, nem exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, declarou o parlamentar, segundo registro da CNN Brasil. Ele exaltou a Constituição de 1988 como uma “bússola” para a defesa da liberdade e da justiça no país.


A fala de Motta veio um dia após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciar sua licença do cargo e sua intenção de permanecer nos Estados Unidos, alegando ser vítima de perseguição política pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em especial pelo ministro Alexandre de Moraes. O timing da declaração do presidente da Câmara foi interpretado como uma resposta indireta às narrativas bolsonaristas, que frequentemente acusam o Judiciário de reprimir opositores do governo Lula.


Contexto e reações


Eleito em 1º de fevereiro de 2025 com 444 votos, Hugo Motta, aos 35 anos, é o mais jovem presidente da Câmara desde a redemocratização. Sua gestão tem se caracterizado por um tom conciliador, com apoio de partidos como PT e PL, refletindo sua habilidade de transitar entre espectros políticos opostos. No entanto, sua afirmação gerou reações mistas. Críticos no X, como o usuário @valdemarpaiva1
, ironizaram: “Ele só pode estar se referindo à Noruega, Dinamarca ou Suíça”, sugerindo que a realidade brasileira recente contradiz o discurso de Motta, especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023 e as prisões que se seguiram.


De fato, os atos golpistas de 8 de janeiro resultaram na condenação de mais de 30 pessoas por crimes como tentativa de golpe de Estado, com penas que chegam a 17 anos, e na investigação de figuras como Jair Bolsonaro. Quatro brasileiras envolvidas no episódio foram presas nos EUA em março de 2025, após cruzarem a fronteira ilegalmente, usando a retórica de “exiladas políticas” para pedir asilo. Apesar disso, Motta manteve que tais casos não configuram perseguição política no sentido histórico, como no período da ditadura militar.


Debate em aberto


A declaração de Motta reforça a narrativa oficial de que o Brasil vive uma democracia plena desde 1985, mas ignora controvérsias recentes que alimentam o discurso da oposição. Enquanto o presidente da Câmara celebra a redemocratização, a licença de Eduardo Bolsonaro e as ações do STF seguem sendo usadas por Bolsonaristas para sustentar alegações de repressão. O embate evidencia uma polarização que desafia a visão de unidade democrática apresentada por Motta, deixando em aberto o debate sobre o estado atual das liberdades políticas no país.

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