Estatais federais acumulam déficit recorde de R$ 2,73 bilhões no primeiro quadrimestre de 2025; Correios têm prejuízo de R$ 1,7 bi no Q1 -

Estatais federais acumulam déficit recorde de R$ 2,73 bilhões no primeiro quadrimestre de 2025; Correios têm prejuízo de R$ 1,7 bi no Q1

Dados do Banco Central apontam o pior resultado para as empresas públicas federais nos primeiros quatro meses do ano desde 2002. Correios registram aumento significativo nas perdas no primeiro trimestre, superando R$ 1,7 bilhão.

As empresas estatais federais registraram um déficit primário recorde de R$ 2,73 bilhões no acumulado dos primeiros quatro meses de 2025, conforme dados divulgados pelo Banco Central (BC) na última sexta-feira, 30 de maio. Este é o maior saldo negativo para o período desde o início da série histórica da autoridade monetária, em 2002. O resultado representa um aumento de 62,8% em comparação com o déficit de R$ 1,68 bilhão observado no mesmo quadrimestre de 2024.

O levantamento do Banco Central, que consta no relatório “Estatísticas Fiscais”, exclui da análise os resultados da Petrobras e dos bancos públicos federais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. Somente no mês de abril de 2025, as estatais federais apresentaram um déficit de R$ 977 milhões.

Correios Aprofundam Prejuízo no Início de 2025

Entre as empresas estatais, a situação dos Correios (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT) é particularmente delicada. A companhia reportou um prejuízo líquido de R$ 1,725 bilhão no primeiro trimestre de 2025, mais que o dobro das perdas de R$ 801 milhões registradas no mesmo período do ano passado. Este é o pior resultado para um primeiro trimestre da estatal desde 2017.

A receita dos Correios entre janeiro e março deste ano alcançou R$ 3,95 bilhões, uma queda em relação aos R$ 4,5 bilhões faturados no primeiro trimestre de 2024. Em contrapartida, as despesas administrativas da empresa subiram de R$ 1,06 bilhão para R$ 1,22 bilhão na mesma comparação, impulsionadas, em parte, por um aumento significativo nos pagamentos de precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs), que totalizaram R$ 389 milhões no trimestre – quase o triplo dos R$ 133 milhões desembolsados no ano anterior para a mesma finalidade.

O resultado negativo do primeiro trimestre de 2025 agrava um quadro já desafiador para os Correios, que fecharam o ano de 2024 com um prejuízo consolidado de R$ 2,6 bilhões, um valor quatro vezes superior ao rombo de R$ 597 milhões de 2023.

Contexto e Visão do Governo

A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, tem ponderado em ocasiões anteriores que a metodologia de cálculo do “déficit primário” das estatais utilizada pelo Banco Central difere da contabilidade de “lucro ou prejuízo” das empresas. Segundo a ministra, o déficit fiscal apontado pelo BC pode, em muitos casos, refletir a realização de investimentos pelas companhias com recursos próprios ou lucros acumulados de períodos anteriores, e não necessariamente um resultado negativo que demande cobertura do Tesouro Nacional.

O governo federal também tem destacado o aumento dos investimentos realizados pelas estatais. Em janeiro de 2025, a Agência Gov informou que o investimento das empresas estatais federais cresceu 44,1% em 2024 em comparação com 2023, totalizando R$ 96,18 bilhões.

Apesar das diferentes métricas e interpretações, os números divulgados pelo Banco Central sobre o déficit primário e os balanços de prejuízo de empresas como os Correios acendem um alerta sobre a saúde financeira e a sustentabilidade de algumas das principais estatais brasileiras, intensificando o debate sobre sua gestão e papel estratégico na economia nacional.

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