Em Copacabana, Bolsonaro confronta Moraes e STF por anistia aos presos do 8/1 -

Em Copacabana, Bolsonaro confronta Moraes e STF por anistia aos presos do 8/1

Na manhã deste domingo (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou uma manifestação na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em um confronto direto com o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF). O ato, que começou às 10h na Avenida Atlântica, entre as ruas Barão de Ipanema e Xavier da Silveira, reuniu milhares de apoiadores para pedir a anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Organizado pelo pastor Silas Malafaia, o evento serviu como plataforma para Bolsonaro questionar a Corte e reforçar sua influência política às vésperas de um julgamento crucial no STF.

Em Copacabana, Bolsonaro confronta Moraes e STF por anistia aos presos do 8/1

Bolsonaro chegou ao trio elétrico às 10h18 e, em um discurso de 35 minutos, colocou Moraes no centro das críticas. “O STF não pode ser maior que o povo. Esses patriotas presos no 8 de janeiro merecem anistia, não perseguição”, declarou, referindo-se aos mais de 1,3 mil condenados ou investigados pelo ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília. O ex-presidente acusou o ministro, relator do inquérito, de conduzir uma “caçada” contra seus apoiadores, enquanto a multidão gritava “Moraes ditador” e “anistia já”.


O ato ocorre a nove dias do julgamento no STF, marcado para 25 de março, em que Bolsonaro e outros 33 acusados — incluindo o ex-ministro Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid — podem se tornar réus por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa armada. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), apresentada em fevereiro, aponta Bolsonaro como o articulador de um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.

A manifestação contou com a presença de aliados de peso, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC), além dos filhos Flávio Bolsonaro (senador pelo PL-RJ) e Carlos Bolsonaro (vereador pelo Republicanos-RJ). Outros discursos vieram do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do senador Magno Malta (PL-ES), dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e da vereadora Priscila Costa (PL-CE), que substituiu Michelle Bolsonaro, em recuperação de uma cirurgia.

Os oradores ampliaram o tom contra o STF. Flávio Bolsonaro prometeu “derrotar o alexandrismo”, enquanto Nikolas Ferreira acusou Moraes de “rasgar a Constituição” e “prender inocentes”. Malafaia, anfitrião do evento, chamou o Supremo de “tribunal de exceção” e defendeu que “o povo está acima de qualquer juiz”. A retórica foi acompanhada por cartazes com frases como “Fora Moraes” e “Liberdade aos patriotas”.

O evento em Copacabana, com apoiadores vestindo camisas da seleção brasileira e bandeiras do Brasil, teve ecos internacionais, com menções ao presidente dos EUA, Donald Trump, e ao bilionário Elon Musk, vistos como ícones de resistência pelos manifestantes. Imagens aéreas mostraram a ocupação de ao menos duas quadras, com estimativas do Cebrap e da ONG More in Common apontando 16,2 mil pessoas às 10h40 — número inferior aos atos anteriores de Bolsonaro na Avenida Paulista, mas ainda significativo.


A manifestação coincide com a tramitação do PL da Anistia no Congresso, de autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), que enfrenta resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Judiciário, que considera inconstitucional perdoar crimes contra a democracia. Para Bolsonaro, inelegível até 2030 por decisões do TSE, o ato é uma tentativa de pressionar o STF e manter sua base mobilizada diante de um julgamento que pode selar seu futuro político e jurídico.

O governo Lula e aliados do STF evitaram comentários diretos até o momento, mas a PGR reiterou que os crimes do 8 de janeiro “atentam contra o Estado de Direito” e não podem ser anistiados sem violar a Constituição. A manifestação reforça o embate entre Bolsonaro e Moraes, que já resultou em prisões, bloqueios de redes sociais e multas contra o ex-presidente e seus apoiadores. Enquanto o STF prepara-se para o julgamento, Copacabana tornou-se, mais uma vez, palco de uma guerra política que divide o Brasil.

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