Associações de policiais federais alertam para o risco de paralisação de investigações e missões essenciais devido a cortes de verbas. Demora no pagamento de diárias já é relatada pela categoria.
A Polícia Federal (PF) enfrenta uma crise orçamentária que pode levar à interrupção ou significativa dificuldade na realização de suas operações em todo o Brasil. O alerta foi emitido nesta segunda-feira, 2 de junho, por associações representativas da categoria, como a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), após a confirmação do contingenciamento de recursos imposto pelo governo federal ao orçamento da corporação para 2025.

O bloqueio de verbas na PF é uma consequência direta da contenção mais ampla, de aproximadamente R$ 31,3 bilhões, anunciada pelo governo federal no final de maio. Este ajuste fiscal visa assegurar o cumprimento do limite de despesas estabelecido pelo novo arcabouço fiscal e a meta de resultado primário zero para o ano. A Polícia Federal está vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, uma das pastas afetadas pelos cortes.
Representantes dos policiais federais expressam grande preocupação com o cenário. Segundo a ADPF, o contingenciamento atual, se não for revisto, tem o potencial de paralisar missões cruciais da Polícia Federal, comprometendo seriamente o combate a crimes complexos como o tráfico de drogas, a corrupção, a lavagem de dinheiro e a atuação de organizações criminosas. A entidade aponta que já existe um passivo financeiro pendente a ser quitado pela PF e que novos cortes podem inviabilizar as atividades.
Além do risco às operações futuras, policiais federais já relatam problemas práticos, como a demora no pagamento de diárias para agentes deslocados em missões fora de suas cidades de lotação. Essa situação, classificada por alguns como um “calote”, gera descontentamento e pode desestimular a participação em investigações importantes.
A ameaça de paralisação coloca em xeque a continuidade de operações de grande repercussão que vêm sendo deflagradas pela PF com o aval do Poder Judiciário, incluindo investigações sensíveis que alcançam diferentes esferas de poder. As associações de policiais federais cobram uma revisão urgente dos cortes por parte do governo, argumentando que a segurança pública e a capacidade investigativa do Estado brasileiro não podem ser comprometidas por restrições orçamentárias dessa magnitude.
O governo federal, por sua vez, justifica o contingenciamento geral pela necessidade de adequar as despesas ao novo regime fiscal e por uma frustração na arrecadação em relação às estimativas iniciais. O Ministério do Planejamento e Orçamento explicou que parte do ajuste é um bloqueio para respeitar o teto de gastos, enquanto outra parte é um contingenciamento que poderia ser revisto caso a receita melhore. Ainda não houve um pronunciamento específico do Ministério da Justiça ou da equipe econômica sobre como a situação particular da Polícia Federal será tratada diante desses alertas.