O comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, confirmou na última segunda-feira, 10 de março, uma retirada parcial das tropas ucranianas na região de Kursk, na Rússia, em meio a uma intensa ofensiva russa apoiada por tropas norte-coreanas. A manobra, descrita como uma “realocação para posições defensivas mais vantajosas”, ocorre em um momento crítico, com a Ucrânia enfrentando dificuldades logísticas e pressões diplomáticas, especialmente após a suspensão do compartilhamento de inteligência pelos Estados Unidos e o início de negociações de paz em Jeddah, na Arábia Saudita.

A Ucrânia lançou uma incursão surpresa em Kursk em agosto de 2024, capturando cerca de 1.300 quilômetros quadrados de território russo, mas a Rússia intensificou sua contraofensiva, recuperando dois terços do território perdido. Syrskyi negou rumores de cerco total, afirmando que a situação está “sob controle”, mas fontes independentes, como o jornalista militar Yurii Butusov, descreveram a situação como “extremamente difícil”, com até 10 mil soldados ucranianos em risco, especialmente em Sudzha. A ofensiva russa ganhou força com tropas norte-coreanas e táticas como o uso de um gasoduto, refletindo o esforço para expulsar as forças ucranianas antes das negociações de paz.
A retirada ocorre em meio à suspensão do apoio americano, interpretada como uma tentativa do presidente Donald Trump de pressionar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo. “A suspensão do compartilhamento de inteligência é como tirar os olhos de um exército em meio a uma batalha”, afirmou o analista Michael Kofman. Em Jeddah, autoridades ucranianas e americanas discutem um cessar-fogo de 30 dias, mas a Rússia, sob Vladimir Putin, rejeita a proposta, exigindo um acordo de longo prazo com concessões territoriais. A secretária de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que “a bola está com Moscou”, mas analistas alertam que a pressão americana pode forçar a Ucrânia a ceder, especialmente com os reveses em Kursk e no leste do país.
A retirada de Kursk é um revés estratégico para a Ucrânia, que planejava usar o território como moeda de troca nas negociações. A presença de tropas norte-coreanas levanta preocupações sobre a escalada do conflito, enquanto, na Europa, líderes de mais de 30 países discutem uma força internacional de segurança para a Ucrânia, liderada por França e Reino Unido, mas enfrentando desafios significativos. Zelenskiy expressou ceticismo, afirmando que tropas estrangeiras sozinhas não bastam sem armas americanas.
A retirada, confirmada por Syrskyi, reflete as dificuldades da Ucrânia diante da ofensiva russa e da suspensão do apoio americano. Enquanto as negociações em Jeddah oferecem uma saída diplomática, a rejeição russa a um cessar-fogo temporário sugere um caminho longo para a paz. Com a guerra em seu 1.109º dia, a Ucrânia enfrenta um momento crítico, com sua resistência militar e política sendo testada como nunca antes.