A Associação de Surdos de Feira de Santana (ASFS), por meio do perfil @asfs.oficial, divulgou uma nota de repúdio contra a Prefeitura Municipal por utilizar inteligência artificial (IA) para traduzir a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em campanhas institucionais. Segundo a entidade, essa prática desvaloriza os profissionais intérpretes e tradutores de Libras, comprometendo a qualidade da comunicação com a comunidade surda.
Na nota, a ASFS destaca que a Libras é muito mais do que uma simples tradução de palavras. Trata-se de uma língua visual-espacial rica em expressões faciais, corporais e culturais, elementos que não podem ser reproduzidos adequadamente por ferramentas automatizadas. “A inteligência artificial, por mais avançada que seja, não substitui a complexidade e a humanização que a Libras exige. É uma questão de respeito e garantia de direitos”, afirmou a associação.
A ASFS também enfatizou que o uso de IA em lugar de intérpretes humanos pode levar a erros de interpretação e à perda de significados importantes, prejudicando o acesso à informação da comunidade surda. Além disso, a associação lembrou que a prática fere princípios assegurados pela Constituição Federal, pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) e pela Lei 10.436/2002, que reconhecem a Libras como meio legal de comunicação e expressão.
“Substituir profissionais capacitados por ferramentas automatizadas vai contra os avanços conquistados pela comunidade surda. A inclusão social não pode ser tratada de forma superficial ou econômica”, declarou a ASFS.
A associação pede que a Prefeitura reveja sua postura e priorize a contratação de intérpretes certificados, garantindo acessibilidade de qualidade em suas propagandas institucionais. Além disso, convida a sociedade a apoiar essa causa, reforçando a importância da valorização de profissionais que asseguram a inclusão efetiva dos surdos em Feira de Santana.