A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou os atos de 8 de janeiro de 2023, rebateu veementemente as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta havia afirmado que não houve uma tentativa de golpe no episódio, classificando os atos como uma “agressão às instituições” por “vândalos e baderneiros”.
Eliziane Gama, em resposta, reafirmou sua posição de que houve, sim, uma tentativa de golpe de Estado e que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o líder desses ataques. Em publicações e declarações em meios de comunicação, a senadora destacou: “Como relatora da CPMI posso atestar categoricamente: após 5 meses de investigação, de receber centenas de documentos e de ouvir dezenas de testemunhas, houve tentativa de golpe e o responsável por liderar esses ataques tem nome e sobrenome. É Jair Messias Bolsonaro.”
Ela também desafiou qualquer um que tenha dúvidas sobre o caráter golpista dos atos a ler o relatório detalhado da comissão, que possui mil páginas e foi aprovado por deputados e senadores. A senadora enfatizou a importância do relatório como prova das intenções golpistas sob a liderança de Bolsonaro.
A reação de Eliziane Gama vem em um contexto onde o debate sobre os eventos do 8 de janeiro de 2023 continua acalorado na política brasileira. A CPI, que concluiu suas investigações em 2024, recomendou o indiciamento de 61 pessoas, incluindo Bolsonaro, por crimes relacionados aos ataques aos Três Poderes.
A discussão sobre se houve ou não uma tentativa de golpe continua a dividir opiniões no Congresso e na sociedade brasileira. Enquanto alguns, como Eliziane Gama, veem os eventos como uma clara tentativa de subverter a democracia, outros, representados por figuras como Hugo Motta, argumentam que faltou uma coordenação e liderança explícitas para caracterizar os atos como um golpe.
O desacordo sobre a natureza dos eventos do 8 de janeiro também influencia debates sobre a proposta de anistia para os participantes dos atos, que tem gerado tensão entre os poderes Legislativo e Judiciário. A análise de Eliziane Gama coloca em xeque essa proposta, sugerindo que perdoar os envolvidos seria ignorar a gravidade dos ataques à democracia.