Na sequência de uma tragédia que deixou um morto e cinco feridos, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, revelou que a Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador, havia pedido uma vistoria ao órgão na segunda-feira, dias antes do desabamento de seu teto. O pedido foi feito especificamente por Frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião e diretor da igreja, que destacou a necessidade de avaliar uma dilatação no forro do templo.
A visita técnica do Iphan estava marcada para esta quinta-feira, mas o desabamento ocorreu antes que os especialistas pudessem realizar a inspeção. Frei Pedro alertou o Iphan sobre a condição do forro, solicitando orientações sobre as possíveis soluções para o problema, garantindo que qualquer intervenção seguiria os critérios de conservação exigidos para bens tombados.
A igreja, um dos mais importantes exemplares do barroco no Brasil e classificada como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, já havia sido objeto de preocupação devido a danos estruturais visíveis. A situação da igreja não era nova; há anos, historiadores e defensores do patrimônio denunciavam sua condição precária, com o último grande restauro datando de 1983.
O acidente aconteceu na quarta-feira, durante um momento em que a igreja estava aberta para visitação, mas não em horário de missa. A Defesa Civil de Salvador isolou a área após o desabamento, e o diretor do órgão, Sósthenes Macedo, lamentou a perda de uma vida, ressaltando que a igreja ficaria isolada devido aos riscos evidentes nas partes laterais que ainda permanecem de pé.
A tragédia reacendeu o debate sobre a conservação do patrimônio histórico no Brasil, especialmente em Salvador, onde o centro histórico é Patrimônio Mundial da UNESCO. O Ministério Público Federal (MPF) já vinha tentando, desde 2016, que o Iphan e a Comunidade Franciscana da Bahia realizassem reformas estruturantes no local, mas os esforços pareciam não ter sido suficientes para prevenir o desastre.
Em meio a condolências, o presidente do Iphan expressou pesar pelo ocorrido, enfatizando que o órgão está à disposição para auxiliar em qualquer medida de preservação necessária. A comunidade local e os amantes da história e da arte continuam a lamentar a perda não só das vidas humanas, mas também de parte de um tesouro cultural que poderia ter sido evitada com ações preventivas mais eficazes e rápidas.