Na esteira de uma proposta controversa feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a comunidade palestina em Gaza e seus líderes rejeitaram veementemente a ideia de serem realocados para outros países. A sugestão de Trump, que envolveu a ocupação americana “a longo prazo” de Gaza e a transferência dos palestinos para nações vizinhas como Egito e Jordânia, reacendeu temores de um novo êxodo, lembrando o trauma da Nakba de 1948, quando cerca de 700 mil palestinos foram expulsos ou forçados a fugir durante a criação do Estado de Israel.
A proposta foi apresentada durante uma coletiva de imprensa em Washington, onde Trump falou sobre a necessidade de “resolver a situação em Gaza de uma vez por todas”. Segundo ele, um plano de reassentamento poderia ser a solução para os conflitos contínuos na região. No entanto, a reação na Faixa de Gaza foi imediata e negativa. Líderes palestinos e organizações de direitos humanos declararam que tal proposta é inaceitável e um afastamento significativo do direito internacional e dos direitos dos refugiados.
“Se trata de uma tentativa de limpar etnicamente Gaza e negar aos palestinos o direito de retornar às suas terras”, declarou Hanan Ashrawi, veterana ativista palestina e membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A comunidade palestina vê na proposta uma continuação das políticas de deslocamento e expropriação que têm marcado sua história desde 1948.
Em Gaza, onde mais de dois milhões de pessoas vivem em condições de bloqueio e restrições severas, a ideia de reassentamento foi recebida com protestos. Nas ruas, cartazes com mensagens como “Não somos mercadorias para serem movidas” e “Nosso lar é aqui” foram brandidos em manifestações. A população, já acostumada a viver sob o peso de conflitos e deslocamentos, vê na proposta de Trump uma ameaça a sua identidade e soberania.
A reação internacional também não demorou. Organizações como a ONU e a Anistia Internacional condenaram a proposta, enfatizando que qualquer solução para o conflito israelo-palestino deve respeitar os direitos humanos e o direito internacional, incluindo o direito de retorno dos refugiados palestinos. A ONU reiterou que a questão do status de Jerusalém e o direito dos refugiados são assuntos que precisam ser negociados diretamente entre as partes envolvidas, não impostos por uma terceira nação.
Enquanto isso, os palestinos continuam a viver sob a ameaça de mais um capítulo de deslocamento forçado, com a memória da Nakba ainda viva entre as gerações mais novas. As famílias que já foram deslocadas uma ou mais vezes temem que a história se repita, desta vez com o aval de uma das nações mais poderosas do mundo. A rejeição à proposta de Trump não é apenas uma questão de política; é um grito de resistência contra a perda do que resta de sua terra e identidade.