A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, defendeu nesta sexta-feira (31) que o termo “rombo” não deve ser usado para descrever o déficit nas contas das estatais brasileiras. “Primeiro, não é rombo. Não chamem de rombo. O que foi divulgado pelo Banco Central é o resultado fiscal das empresas que pensa só as receitas e despesas do ano. Como eu já expliquei várias vezes, muitas despesas feitas pelas estatais são com o dinheiro que estava em caixa. Portanto, acaba gerando resultado deficitário ainda que as empresas tenham lucro. O foco com os Correios é que seja uma empresa lucrativa. Se vai ter déficit ou superávit, é um resultado das receitas do ano e das despesas do ano. É muito importante lembrar isso. Não é um rombo. Das 11 empresas que têm déficit, que foram divulgadas hoje, nove têm lucro”, afirmou Dweck após uma reunião com o presidente Lula e o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.
No entanto, o discurso da ministra contrasta com a análise de especialistas e com os dados divulgados pelo próprio governo. O rombo nas contas das estatais é confirmado por economistas e pelas estatísticas oficiais, que mostram um déficit recorde de R$ 6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos. Este padrão de má gestão financeira nas estatais é um fenômeno já observado em governos anteriores do PT, repetindo-se agora, o que levanta preocupações sobre a sustentabilidade e a eficiência dessas empresas.
A crítica principal recai sobre a utilização dos recursos públicos para cobrir esses déficits, uma vez que, em última instância, é o contribuinte brasileiro quem paga a conta. Os especialistas argumentam que a distinção entre déficit e rombo é semântica quando se trata do impacto final no orçamento público. O déficit, mesmo que financiado por recursos já em caixa, ainda exige compensações fiscais que afetam diretamente as contas públicas e, por extensão, a população.
Esther Dweck tentou minimizar o impacto, afirmando que o foco deve ser na lucratividade futura das estatais, especificamente dos Correios, mas o histórico recente e dados do próprio governo indicam que a gestão das empresas estatais apresenta desafios significativos, que vão além de uma simples questão de terminologia fiscal.