Lula defende extinção do G7 para que exista apenas o G20: 'Não tem muita explicação política' -

Lula defende extinção do G7 para que exista apenas o G20: ‘Não tem muita explicação política’

Em balanço de sua participação na cúpula do grupo na Itália, presidente brasileiro criticou o formato do G7, classificando-o como anacrônico, e defendeu o G20 como o principal fórum para decisões econômicas globais.

Ao final de sua participação como convidado na cúpula do G7 em Puglia, na Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa contundente da reforma da governança global, propondo abertamente a extinção do grupo que reúne as sete economias mais industrializadas do mundo. Em entrevista a jornalistas, Lula afirmou que o G7 já não tem mais razão de existir e que o G20 deveria ser o único fórum para as grandes discussões econômicas.

“Eu sou um defensor de que não deveria mais existir o G7. Deveria existir apenas o G20, com a representação que ele tem”, declarou o presidente. “Não tem muita explicação política você manter um grupo de sete países ricos para discutir economia quando você tem um G20 que abrange os países emergentes. É um contrassenso”, completou.

A crítica de Lula ao formato do G7 – composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – está no cerne da política externa de seu terceiro mandato e alinhada à pauta que o Brasil tem defendido na presidência temporária do G20. O governo brasileiro argumenta que as estruturas de poder global, criadas no século XX, não refletem mais a realidade econômica e política do século XXI, onde países emergentes como Brasil, Índia, China e África do Sul desempenham papéis cada vez mais cruciais.

Para Lula, a manutenção de um “clube de ricos” para deliberar sobre temas que afetam todo o planeta, de forma paralela ao G20, enfraquece o multilateralismo e a busca por soluções consensuais.

“O que nós queremos é que os temas que são de interesse do planeta Terra sejam discutidos em fóruns em que todos possam participar, não em reuniões em que um pequeno grupo se fecha para definir regras para o resto do mundo”, disse o presidente em outro momento de sua fala.

A declaração, feita no próprio local da cúpula, é um movimento diplomático ousado que visa posicionar o Brasil como um líder do chamado Sul Global, articulando as nações em desenvolvimento em torno de uma agenda comum de reforma das instituições internacionais. Embora a proposta de extinção do G7 não tenha efeito prático imediato, ela marca a posição do Brasil de forma inequívoca no cenário mundial e eleva a temperatura do debate sobre o futuro da governança global, que será o tema central da cúpula de líderes do G20, a ser realizada no Rio de Janeiro em novembro deste ano.

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