Reportagem do jornal americano detalha que operação foi uma resposta a relatórios de inteligência sobre iminente enriquecimento de urânio a nível de arma nuclear. EUA teriam sido avisados, mas se opuseram à ação por temerem uma guerra regional.
Uma reportagem detalhada do jornal The New York Times, publicada nesta sexta-feira, 13 de junho, trouxe novos detalhes sobre o ataque militar de Israel contra o programa nuclear do Irã, ocorrido na madrugada. Segundo a apuração do jornal, baseada em fontes de inteligência israelenses e americanas, a ofensiva foi uma operação complexa que utilizou caças stealth F-35 e mísseis balísticos de precisão.

O principal gatilho para a ação, classificada por Israel como “preventiva”, teria sido a obtenção de “inteligência irrefutável” de que o Irã estava nos estágios finais de preparação para começar a enriquecer urânio a 90% de pureza em uma nova instalação piloto. Este patamar é considerado o necessário para a produção de uma arma nuclear e representa uma “linha vermelha” para a segurança de Israel.
Análise dos Danos e a Resposta do Irã
Análises preliminares de imagens de satélite, segundo o jornal, mostram “danos significativos” em edifícios na superfície do complexo de enriquecimento de urânio de Natanz e em instalações no centro de tecnologia nuclear de Isfahan. No entanto, a reportagem ressalta que a extensão dos danos às centrífugas localizadas em instalações subterrâneas profundas, como as de Fordow, ainda é desconhecida e de difícil avaliação.
O ataque israelense foi seguido, horas depois, por uma retaliação iraniana, que consistiu no lançamento de mais de 100 drones contra Israel. Analistas ouvidos pelo New York Times interpretaram a resposta de Teerã como uma ação “calibrada”. Ao utilizar drones, que são mais lentos e fáceis de interceptar, em vez de mísseis balísticos, o Irã teria buscado dar uma resposta militar à altura para consumo interno e de seus aliados, mas sem provocar uma contra-resposta israelense imediata que levasse a uma guerra total.
Posição dos Estados Unidos
A reportagem do New York Times também lança luz sobre o papel dos Estados Unidos no episódio. Fontes da Casa Branca e do Pentágono teriam confirmado ao jornal que Israel informou Washington sobre seus planos poucas horas antes de os ataques começarem.
No entanto, a notificação não foi um pedido de aprovação. Pelo contrário, o governo do presidente Donald Trump teria “aconselhado veementemente contra a operação”, expressando grande preocupação de que um ataque direto ao Irã pudesse incendiar o Oriente Médio e arrastar os EUA para um novo e massivo conflito regional. A decisão de Israel de agir unilateralmente, apesar das ressalvas de seu principal aliado, demonstra o nível de ameaça percebido por Tel Aviv.
O episódio marca uma nova e perigosa fase no longo conflito entre Israel e Irã, saindo da “guerra sombria” para uma confrontação militar direta, cujas consequências para a estabilidade global ainda são incertas.