Aversão ao risco global domina os mercados no último pregão da semana após ataques diretos entre os dois países; bolsa brasileira fecha no menor nível em seis meses, e moeda americana atinge maior valor em mais de um ano.
O mercado financeiro brasileiro teve uma sexta-feira de forte turbulência, com os investidores reagindo negativamente à escalada do conflito no Oriente Médio. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira (B3), encerrou o dia com uma queda acentuada de 2,58%, aos 121.570 pontos. Este é o menor patamar de fechamento desde dezembro de 2024. No sentido oposto, o dólar comercial registrou uma forte alta de 1,85%, fechando o dia cotado a R$ 5,452, o maior valor desde janeiro de 2024.
Conflito no oriente médio é o Principal Gatilho
O principal fator que determinou o mau humor dos mercados globais e, consequentemente, do brasileiro, foi a resposta do Irã aos ataques realizados por Israel contra seu programa nuclear na madrugada anterior. O Irã lançou um ataque com mais de 100 drones em direção a Israel, confirmando o início de um confronto militar direto entre as duas potências regionais.

Este cenário gerou uma forte onda de “aversão ao risco” (risk-off) entre os investidores. Em momentos de grande incerteza geopolítica, é comum que os investidores vendam ativos considerados mais arriscados, como ações de empresas de países emergentes como o Brasil, e busquem refúgio em ativos considerados mais seguros, como o dólar americano e os títulos do tesouro dos EUA.
“O mercado está precificando o risco de uma guerra em larga escala no Oriente Médio, cujas consequências são imprevisíveis. A fuga para o dólar é um movimento clássico em situações como esta”, explicou um analista de uma corretora ao G1. A alta do preço do petróleo, que também disparou mais de 4% com o conflito, adicionou preocupações sobre um possível aumento da inflação global.
Cenário doméstico agrava o mau humor
Além do fator externo, o cenário doméstico também contribuiu para a queda da bolsa e a alta do dólar. A crise política instalada em Brasília durante a semana, após o governo editar uma Medida Provisória para restringir o uso de créditos de PIS/Cofins, gerou grande desconfiança no mercado sobre a capacidade do governo de aprovar sua agenda de ajuste fiscal.
A combinação de um ambiente internacional de alto risco com as persistentes incertezas fiscais e políticas no Brasil criou o cenário perfeito para a forte desvalorização dos ativos brasileiros no fechamento da semana. Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 3,9%, enquanto o dólar subiu 2,9%.