"Presenciei grande parte dos fatos", diz Mauro Cid ao reafirmar acusações de golpe em interrogatório no STF -

“Presenciei grande parte dos fatos”, diz Mauro Cid ao reafirmar acusações de golpe em interrogatório no STF

Em depoimento de mais de quatro horas a Alexandre de Moraes, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirma os termos de sua delação premiada, detalha reuniões sobre a ‘minuta do golpe’ e a participação do ex-presidente.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e peça central na investigação sobre a trama golpista de 2022, reafirmou nesta segunda-feira, 9 de junho, o conteúdo de sua delação premiada durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao ser questionado pelo ministro relator, Alexandre de Moraes, se havia testemunhado os eventos narrados na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Cid respondeu de forma categórica: “Sim, senhor. Presenciei grande parte dos fatos”.

“Presenciei grande parte dos fatos”, diz Mauro Cid ao reafirmar acusações de golpe em interrogatório no STF

A oitiva de Cid, que durou mais de quatro horas, marcou o início da fase de interrogatórios dos oito réus que compõem o núcleo principal da ação penal que apura a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Por ser colaborador da justiça, ele foi o primeiro a ser ouvido.

Durante o depoimento, Mauro Cid manteve a versão apresentada em seu acordo de delação, detalhando as reuniões e discussões que ocorreram no Palácio da Alvorada com o objetivo de reverter o resultado da eleição presidencial de 2022 e impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o G1, Cid confirmou que Jair Bolsonaro não apenas teve conhecimento, mas também participou ativamente da elaboração de uma “minuta do golpe”. O ex-ajudante de ordens relatou que o então presidente analisou o texto de um decreto de golpe de Estado e chegou a fazer alterações de próprio punho no documento.

Além disso, Cid reiterou que Bolsonaro pressionou os comandantes das Forças Armadas para que apoiassem a ruptura institucional. Ele detalhou a resistência do então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, em aderir ao plano, contrastando com a suposta anuência do então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, que teria colocado suas tropas à disposição do presidente.

O depoimento de Mauro Cid é considerado a principal base da acusação contra os demais réus, incluindo Jair Bolsonaro, os ex-ministros militares Walter Braga Netto e Augusto Heleno, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Sua reafirmação dos fatos perante o ministro Alexandre de Moraes, na condição de réu, fortalece as provas coletadas pela investigação e complica a situação dos demais acusados.

Após a oitiva de Cid, os interrogatórios no STF prosseguirão com os outros sete réus em ordem alfabética. Esta é uma das últimas etapas do processo antes das alegações finais da acusação e das defesas, que antecedem o julgamento pela Primeira Turma do STF, previsto para ocorrer ainda em 2025.

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