Marinha israelense está em alerta para abordar flotilha com ajuda humanitária que tenta romper o bloqueio marítimo ao território palestino. Organizadores insistem em missão pacífica para denunciar crise humanitária.

O governo de Israel declarou oficialmente neste domingo, 8 de junho, que irá impedir que uma flotilha internacional de ativistas, transportando ajuda humanitária, chegue à costa da Faixa de Gaza. A Marinha israelense já está em alerta máximo para uma possível interceptação em alto-mar, elevando a tensão em uma situação que é acompanhada de perto pela comunidade internacional.
A missão, organizada pela “Freedom Flotilla Coalition”, uma aliança de grupos pró-palestinos, partiu de portos europeus com centenas de toneladas de suprimentos médicos e alimentos, além de centenas de ativistas, observadores de direitos humanos e jornalistas de diversas nacionalidades a bordo. O objetivo declarado da coalizão é duplo: entregar ajuda humanitária diretamente à população de Gaza e realizar um ato de desafio político contra o bloqueio naval que Israel impõe ao território desde 2007.
Em um comunicado oficial, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que o bloqueio marítimo é uma medida de segurança legítima e necessária, em conformidade com o direito internacional, para prevenir o contrabando de armas e materiais de uso duplo para o Hamas e outros grupos militantes em Gaza.
“A Marinha de Israel está preparada para redirecionar a flotilha. Deixamos claro aos organizadores que eles não poderão chegar à costa de Gaza”, disse um porta-voz militar. “Como alternativa, oferecemos que a embarcação atraque no porto de Ashdod, onde a ajuda humanitária poderá ser descarregada, inspecionada e transferida para Gaza através das passagens terrestres existentes, como temos feito com a ajuda de outras organizações internacionais.”

As IDF alertaram que, se a flotilha ignorar as advertências e tentar furar o perímetro de segurança, será interceptada. Os passageiros seriam então levados a Israel para interrogatório e posterior deportação.
Os organizadores da flotilha, por sua vez, insistem no caráter pacífico e humanitário da missão. Em seu site, afirmam que “o bloqueio é uma forma de punição coletiva ilegal contra mais de dois milhões de palestinos” e que a ajuda que chega por canais oficiais é “insuficiente”.
O episódio atual reacende a memória de incidentes passados, principalmente o da flotilha Mavi Marmara em 2010, quando uma abordagem da marinha israelense resultou na morte de dez ativistas turcos e gerou uma grave crise diplomática entre Israel e a Turquia. Organizações de direitos humanos e Nações Unidas pedem máxima contenção de ambos os lados para evitar uma escalada. Com a flotilha mantendo seu curso em direção a Gaza e Israel firme em sua posição de impedi-la, uma confrontação parece cada vez mais provável nas próximas 24 a 48 horas.