Em um dos maiores ataques aéreos da guerra, Rússia atinge diversas regiões ucranianas, incluindo a capital Kiev, onde há mortos e feridos. Moscou afirma que ofensiva é uma retaliação direta ao ataque ucraniano contra suas bases aéreas no último domingo.

A Rússia desencadeou um ataque aéreo massivo contra a Ucrânia na madrugada desta sexta-feira, 6 de junho, lançando aproximadamente 450 projéteis, entre drones e mísseis, em um dos bombardeios mais intensos desde o início da guerra. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou a ofensiva e declarou que a ação foi uma resposta a “atos terroristas” perpetrados por Kiev, em uma clara referência ao recente e bem-sucedido ataque ucraniano que destruiu dezenas de aeronaves militares russas.
Segundo a Força Aérea da Ucrânia, as forças russas utilizaram 452 projéteis, sendo a grande maioria (407) drones kamikaze do tipo Shahed, de fabricação iraniana, além de pelo menos 45 mísseis de diversos tipos. O ataque atingiu múltiplas regiões do país. Na capital, Kiev, o prefeito informou que pelo menos quatro pessoas morreram e outras 20 ficaram feridas. Os serviços de emergência combateram incêndios em edifícios residenciais atingidos por destroços de drones e mísseis interceptados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou veementemente o ataque. “A Rússia não muda sua natureza – mais um ataque massivo contra cidades e a vida cotidiana. (…) A Rússia precisa ser responsabilizada por isso. Desde o primeiro minuto desta guerra, eles têm atacado cidades e vilarejos para destruir vidas”, declarou Zelensky através de suas redes sociais, aproveitando para reiterar seu apelo por mais sanções internacionais contra Moscou e pelo fortalecimento das defesas aéreas ucranianas.
Retaliação Anunciada
A justificativa russa para a escala do ataque desta sexta-feira está diretamente ligada aos recentes sucessos militares ucranianos. No último domingo, 1º de junho, a Ucrânia realizou uma audaciosa operação com drones, apelidada de “Teia de Aranha”, que danificou ou destruiu mais de 40 aeronaves russas, incluindo bombardeiros estratégicos de longo alcance, em bases aéreas localizadas a milhares de quilômetros dentro do território russo. O ataque foi considerado humilhante para Moscou e, nos dias seguintes, altas autoridades russas, incluindo o presidente Vladimir Putin, prometeram uma retaliação severa.

A ofensiva desta sexta-feira é a materialização dessa promessa. O bombardeio ocorre em um momento de escalada no conflito, no qual aliados ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, recentemente autorizaram a Ucrânia a utilizar armas de longo alcance fornecidas por eles para atingir alvos militares em território russo, uma medida que visa dificultar a logística e a capacidade de ataque de Moscou. As autoridades ucranianas ainda estão avaliando a extensão total dos danos à infraestrutura, especialmente a energética, que tem sido um alvo recorrente dos ataques russos.