Medida, que entra em vigor nesta quarta-feira (4), eleva de 25% para 50% as taxas sobre a maioria das importações dos metais, visando proteger a indústria e a segurança nacional americana. Brasil será um dos principais afetados.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira, 3 de junho, um decreto que dobra as tarifas de importação sobre a maioria dos produtos de aço e alumínio, elevando as taxas de 25% para 50%. A nova medida, que tem como base a Seção 232 do Trade Expansion Act, entrará em vigor à meia-noite desta quarta-feira, 4 de junho.
Segundo comunicado da Casa Branca e declarações do próprio presidente, o aumento tarifário tem como objetivo principal proteger as indústrias americanas de aço e alumínio, consideradas críticas para a segurança nacional, e combater práticas comerciais desleais e o excesso de capacidade produtiva global que, segundo a administração Trump, minam os produtores domésticos. “Determinei que é necessário aumentar as tarifas sobre aço e alumínio para combater mais eficazmente os países estrangeiros que exportam aço para os EUA a preços baixos, prejudicando as empresas americanas”, afirmou Trump em sua proclamação. Durante um anúncio prévio da medida em 30 de maio, em visita a uma usina da US Steel na Pensilvânia, Trump declarou que com 50% de tarifa, “ninguém vai conseguir contornar” as proteções à indústria local.
O Reino Unido será uma exceção temporária a este aumento, mantendo a tarifa de 25% sobre seus produtos de aço e alumínio, devido a um acordo comercial recente. No entanto, essa condição pode ser revista a partir de 9 de julho, dependendo do desenvolvimento de um Acordo de Prosperidade Econômica entre os dois países. O decreto também impõe exigências mais rigorosas para a declaração do conteúdo de aço e alumínio em produtos importados, com penalidades severas para declarações falsas.
A decisão representa uma escalada na política protecionista de Trump, que já havia reimpôs e reforçado tarifas de 25% sobre os metais em março deste ano, baseando-se em medidas adotadas durante seu primeiro mandato.
Impactos e Reações
O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, figura entre os países que devem ser mais significativamente afetados pela medida. Em 2024, as exportações brasileiras de aço e alumínio para o mercado americano somaram US$ 5,29 bilhões, representando uma parcela considerável das vendas totais desses produtos pelo Brasil ao exterior.
A medida gerou reações diversas. Enquanto algumas associações da indústria siderúrgica e de alumínio dos EUA apreciaram o foco do governo em fortalecer o setor, outras, como a Aluminum Association, ressaltaram que “tarifas sozinhas não aumentarão a produção primária de alumínio nos EUA”, pedindo políticas comerciais consistentes e previsíveis. O sindicato United Steelworkers considerou as tarifas uma “ferramenta valiosa”, mas também defendeu reformas mais amplas no sistema de comércio global.
Economistas e analistas de mercado expressaram preocupação com os potenciais impactos negativos. Estudos anteriores, como um do Federal Reserve sobre as tarifas de Trump em 2018-2019, indicaram que o aumento dos custos de insumos para a indústria manufatureira pode levar a perdas de empregos que superam os ganhos no setor de metais. Há também o temor de que a medida eleve os preços para os consumidores americanos e desencadeie uma nova rodada de retaliações por parte de parceiros comerciais.

A União Europeia já se manifestou contrariamente ao anúncio e afirmou estar preparada para impor contramedidas. O Canadá, outro grande exportador para os EUA, já havia contestado as tarifas anteriores na Organização Mundial do Comércio (OMC). A Austrália também criticou o aumento, classificando-o como “injustificado”.
A nova política tarifária de Trump intensifica o debate global sobre protecionismo versus livre comércio e adiciona um elemento de incerteza nas relações comerciais internacionais.