LGBTQIA+: os rostos por trás dos números de violência -

LGBTQIA+: os rostos por trás dos números de violência

O Atlas da Violência 2024, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), joga luz sobre uma realidade preocupante: a população LGBTQIA+ segue entre as mais vulneráveis à violência no Brasil. Além dos números já conhecidos — como os 1.500 homicídios registrados em 2022, uma taxa de 10 por 100 mil pessoas —, o relatório traz histórias e contextos que ajudam a entender o impacto dessa violência no dia a dia.

Entre as vítimas, há casos que chocam pela brutalidade. Jovens trans, por exemplo, estão entre os mais atingidos. Segundo o estudo, 40% dos homicídios de pessoas LGBTQIA+ em 2022 foram contra indivíduos transexuais ou travestis, muitos deles em situações de extrema vulnerabilidade, como moradores de rua ou trabalhadores informais. As agressões não letais, que somaram 20 mil casos, também refletem esse padrão: insultos, espancamentos e abusos motivados por preconceito.

A concentração da violência em áreas urbanas, onde 80% dos casos ocorrem, revela outro ponto. Cidades grandes, que muitas vezes atraem pessoas LGBTQIA+ em busca de aceitação e oportunidades, também se tornam palco de discriminação e ataques. No Nordeste, onde a taxa de homicídios chega a 15 por 100 mil, a falta de redes de apoio agrava o cenário. Já no Sul, com 5 por 100 mil, há mais acesso a serviços, mas os desafios persistem.

Por trás desses dados, estão fatores como o estigma social e a ausência de políticas públicas eficazes. “Muitos vivem com medo constante, sem saber se serão os próximos”, destaca um pesquisador do relatório. A violência, segundo o estudo, não é apenas física: ela também afasta essas pessoas de direitos básicos, como educação e trabalho.

O Atlas propõe caminhos para reverter esse quadro. Além de leis mais duras contra crimes de ódio, sugere-se investir em campanhas educativas e em espaços seguros, como centros de acolhimento. A ideia é que a sociedade e o poder público assumam a responsabilidade de mudar essa realidade.

Os números são apenas o começo. Para quem vive essa violência, cada dia é uma luta por respeito e segurança. O relatório deixa claro: é hora de dar voz e proteção a essa população.

Mais Assuntos :
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x