Investigação revela desvio de R$ 48,7 milhões do Consórcio Nordeste em 2020
A Polícia Federal (PF) descobriu que os R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste em 2020 para a compra de respiradores pulmonares, que nunca foram entregues, foram desviados pela empresa contratada, a Hempcare, por meio de transferências bancárias. A investigação, detalhada em inquérito acessado pelo UOL, aponta que o dinheiro público, destinado ao combate à Covid-19, foi usado para despesas pessoais, como a compra de três carros de luxo, pagamento de faturas de cartão de crédito e até mensalidades escolares. A operação, que envolveu o então presidente do consórcio, Rui Costa, atual ministro da Casa Civil, revelou um esquema de lavagem de dinheiro entre abril e maio de 2020.

Entre os alvos estão Cleber Isaac e Carlos Eduardo Galante, que transferiram os recursos para terceiros sem relação com a aquisição dos equipamentos. A secretária de Galante comprou os veículos, enquanto uma familiar quitou faturas de R$ 149 mil com o dinheiro desviado. Os valores passaram por empresas imobiliárias e fundos de investimento, dificultando o rastreamento. Em agosto de 2024, a PF deflagrou a segunda fase da Operação Cianose, cumprindo mandados de busca e apreensão e bloqueando bens dos envolvidos, por ordem do juiz federal Fábio Ramiro. A Hempcare, especializada em medicamentos à base de cannabis, não tinha experiência com respiradores.
O Tribunal de Contas da União (TCU) inocentou Rui Costa e o ex-secretário-executivo Carlos Gabas em abril de 2025, mas a PF continua apurando o caso, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até o momento, apenas R$ 10 milhões foram devolvidos pela empresária Cristiana Taddeo, da Hempcare, via delação premiada.