O dólar sofreu forte queda em todas as praças financeiras nesta segunda‑feira, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que avalia a possibilidade de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, devido a discordâncias sobre a política de juros. A notícia gerou temores de que o governo interfira na independência do banco central, levando investidores a abandonarem ativos americanos e buscar alternativas em moedas consideradas mais seguras.

Em Nova York, o índice DXY — que compara o dólar a uma cesta de seis moedas — caiu para 98,16 pontos, seu patamar mais baixo em três anos. No mercado asiático, a divisa americana recuou cerca de 1,5% diante do iene, sendo cotada na faixa dos 157 ienes, e perdeu mais de 2% contra o franco suíço, também no nível mais fraco em uma década. Na Europa, o euro subiu para acima de US$ 1,15, enquanto a libra britânica atingiu US$ 1,33, refletindo a mesma pressão de fuga do dólar.
A aversão ao risco também atingiu os índices de ações. Os futuros do S&P 500 caíram 0,75%, e os do Nasdaq recuaram 0,8%; no Japão e em Taiwan, as bolsas recuaram mais de 1%, embora as ações chinesas tenham tido ligeira alta. Como ativo de refúgio, o ouro disparou a um recorde de US$ 3.370,17 por onça, enquanto o petróleo Brent cedia cerca de 1,75%, na esteira das incertezas sobre a demanda global. No mercado de criptomoedas, o Bitcoin se valorizou quase 3%, passando dos US$ 87.500, em busca de alternativas menos atreladas à política monetária dos Estados Unidos.
O nervosismo chegou ao Tesouro americano, com o rendimento do título de 10 anos subindo 3,5 pontos base, ao passo que o de dois anos caiu 3,6 pontos base, sinalizando especulações sobre cortes de juros futuros. A combinação de tensões geopolíticas, tarifas comerciais e agora a ameaça ao Federal Reserve levantou dúvidas sobre o papel do dólar como principal moeda de reserva internacional. Enquanto isso, autoridades do banco central — respeitando o arcabouço legal que garante sua autonomia — reforçam que qualquer mudança na presidência só ocorrerá após trâmites oficiais, na tentativa de acalmar os mercados.