O presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento nesta quinta-feira (13) em Moscou, ao lado do líder bielorrusso Alexander Lukashenko, no qual expressou apoio à ideia de um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia, mas destacou que ainda há detalhes a serem discutidos. Durante a coletiva, Putin agradeceu ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e aos líderes dos países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — pelos esforços para buscar uma solução pacífica para o conflito. A declaração ocorre em um momento de intensas negociações internacionais, com os Estados Unidos propondo uma trégua de 30 dias, mediada por seu enviado especial Steve Witkoff, que chegou à capital russa no mesmo dia

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Putin abriu sua fala reconhecendo o empenho de líderes globais. “Quero começar agradecendo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por dedicar tanta atenção à resolução na Ucrânia. Mas muitos líderes, como o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia, o presidente do Brasil e o da África do Sul, também estão lidando com essa questão e dedicando muito tempo a ela”, afirmou. Ele destacou que a proposta de cessar-fogo é “correta” e que a Rússia a apoia em princípio, mas questionou aspectos práticos, como os 2 mil quilômetros de frente de batalha e quem controlaria o cumprimento do acordo.
O envolvimento do Brasil e dos BRICS no processo não é novidade. Em outubro de 2024, durante a cúpula do bloco em Kazan, na Rússia, Lula — que participou por vídeo devido a um acidente doméstico — defendeu negociações de paz e criticou a escalada do conflito. Na ocasião, uma iniciativa conjunta do Brasil e da China, apresentada em maio de 2024 na Assembleia Geral da ONU, foi elogiada por Putin como uma base para diálogo, embora rejeitada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky por falta de ações concretas. A proposta incluía não expansão do campo de batalha, aumento da ajuda humanitária e uma conferência internacional de paz.
A menção de Putin a Lula reflete a postura ativa do Brasil na diplomacia do conflito. Em janeiro de 2025, os dois líderes conversaram por telefone, discutindo o tema, e Lula reiterou seu compromisso com um cessar-fogo. O Itamaraty confirmou que a guerra na Ucrânia foi um dos focos da ligação, mas negou que a crise de deportações nos EUA, sob Donald Trump, tenha sido abordada.
A reação internacional às palavras de Putin foi mista. Zelensky classificou a resposta russa como “manipuladora”, sugerindo que as condições impostas visam prolongar as negociações. Trump, por outro lado, viu “sinais positivos” na fala e disse estar disposto a dialogar diretamente com Putin. Enquanto isso, a visita de Witkoff a Moscou sinaliza um esforço americano para avançar na proposta, que inclui a retomada de ajuda militar à Ucrânia, suspensa temporariamente em fevereiro.