Brasil reforça pagamento em moeda local no Brics após ameaças de Trump -

Brasil reforça pagamento em moeda local no Brics após ameaças de Trump

Em resposta à ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brics, a presidência do Brasil no bloco se comprometeu a desenvolver uma plataforma que permita aos países-membros usarem suas próprias moedas para o comércio entre eles, o que poderia abrir caminho para substituir, em parte, o dólar como moeda do comércio internacional. Segundo o documento da presidência brasileira, essa iniciativa busca cumprir o mandato estabelecido pelos líderes do Brics na Cúpula de Joanesburgo em 2023. O Brasil promete dar continuidade aos esforços de cooperação para desenvolver instrumentos de pagamento locais que facilitem o comércio e o investimento, aproveitando sistemas de pagamento mais acessíveis, transparentes, seguros e inclusivos.

Esta medida contraria os interesses dos Estados Unidos, que têm adotado uma postura de guerra comercial, elevando tarifas sobre alguns mercados e produtos, como o aço e alumínio, mercadorias que o Brasil exporta para o país norte-americano. O documento também ressalta a preocupação do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, com o potencial do Brics como um espaço para soluções globais, enfatizando a importância da diplomacia para negociar e superar conflitos.

O professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fabiano Mielniczuk, observou que o Brasil precisa esclarecer melhor ao mundo o significado desse mecanismo de pagamento em moeda local. Ele mencionou que, sob a liderança do embaixador Maurício Lirio, o Brasil não pretende avançar na desdolarização das relações econômicas internacionais, evitando atritos com os EUA. Especialistas destacam que, enquanto os EUA buscam preservar sua hegemonia econômica global através do dólar, os países do Brics veem vantagens econômicas no uso de moedas locais, reduzindo a dependência do dólar nas transações comerciais.

A professora de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Ana Elisa Saggioro Garcia, afirmou que o anúncio do Brasil não trouxe novidades significativas sobre o que já era discutido dentro do bloco, ressaltando a necessidade de detalhar como a implementação ocorrerá. O Brics já possui mecanismos como o Arranjo de Reservas para Contingências (CRA) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff, que apoiam o uso de moedas locais.

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